"> Mercado atento: dólar cede para R$5,45, mas incerteza fiscal e tensão com trump deixam investidor em alerta

 

Economia - 08/07/2025 - 19:42:48

 

Mercado atento: dólar cede para R$5,45, mas incerteza fiscal e tensão com trump deixam investidor em alerta

 

Da Redação .

Foto(s): Divulgação / pexels / John Guccione

 

Apesar da trégua no câmbio, bolsa sente o baque da rotação global de capitais e impasse fiscal no brasil.

Apesar da trégua no câmbio, bolsa sente o baque da rotação global de capitais e impasse fiscal no brasil.

Mesmo em meio a ameaças tarifárias vindas de Washington, o dólar perdeu força frente ao real nesta terça-feira (8), contrariando o senso comum em dias de tensão. A moeda americana recuou 0,59%, encerrando a sessão cotada a R$ 5,45. O recuo surpreende, especialmente diante do tom beligerante adotado por Donald Trump, que voltou a mirar o Brasil em sua cruzada tarifária.

Ainda que o ex-presidente dos EUA tenha sinalizado a possibilidade de aumentar para além dos 10% as tarifas sobre produtos brasileiros, o mercado parece pouco convencido de que a ameaça vá se materializar — pelo menos por enquanto. O motivo? Os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil, e uma escalada contra um parceiro secundário no ranking de importações pode ter mais custo político do que benefício econômico.

“É uma fala com mais impacto retórico do que prático no curto prazo”, resume um gestor de câmbio de um grande banco nacional, sob reserva

Bolsa hesita, fluxo estrangeiro entra seletivo

Enquanto o dólar recuava, o Ibovespa também perdeu fôlego. O principal índice da bolsa brasileira caiu 0,13%, fechando próximo dos 139 mil pontos. Com isso, acumulou uma queda de 1,4% na semana e reduziu sua valorização no mês de julho a um tímido 0,32%. No ano, porém, o saldo ainda é robusto: +15,8%.

O movimento reflete a rotação de portfólio internacional, com investidores globais reavaliando suas exposições em ativos de risco. Houve entrada líquida de capital estrangeiro, mas ela foi concentrada em setores ligados a commodities, como Vale, Petrobras e frigoríficos, que se beneficiam diretamente da recuperação dos preços do minério de ferro e do petróleo tipo Brent.

“O investidor estrangeiro olhou para as commodities brasileiras como porto seguro diante da pressão nos EUA e na Ásia. A valorização do ETF MSCI Brazil em Nova York reforça essa tese”, explica João Daronco, analista da Suno.

Juros futuros e tesouro direto: cautela no radar

No mercado de juros, o dia foi de estabilidade nos curtos prazos e leve alta nos contratos longos. A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 permaneceu em 14,92% ao ano, enquanto o vencimento de janeiro de 2036 avançou para 13,45%. A curva reflete o dilema dos investidores: expectativas de corte na Selic a partir de 2025 convivem com a incerteza fiscal de médio e longo prazo.

Esse pano de fundo, somado a dados fracos do varejo e à percepção de um governo com dificuldade de conter os gastos, levou muitos investidores a buscar proteção no Tesouro Direto. A maior demanda derrubou os juros dos títulos prefixados e IPCA+, em um típico movimento de “corrida aos bons rendimentos” antes que o Banco Central comece a reduzir a Selic.

E o dólar?

Apesar da calmaria momentânea, o dólar ainda acumula alta de 0,4% na semana e de 0,22% em julho. Porém, no ano, a moeda já caiu 11,88% frente ao real, resultado da forte entrada de capital estrangeiro, sobretudo nos primeiros meses do ano, com o Brasil beneficiado pela combinação de juros altos, commodities fortes e liquidez externa.

Nesta sessão, o real também se fortaleceu frente ao euro, acompanhando o desempenho de outras moedas emergentes — como peso mexicano e rupia indiana — refletindo um fluxo global de rotação para fora do dólar, que ficou praticamente estável no exterior.

O dólar comercial fechou a terça-feira, 8 de julho de 2025, cotado a R$ 5,445, recuando cerca de 0,59% no dia.

Resumo do dia

  • Dólar cedeu a R$ 5,45, contrariando o risco político;

  • Ibovespa caiu 0,13%, pressionado por bancos e elétricas;

  • Commodities puxaram fluxo estrangeiro seletivo para Brasil;

  • Juros longos subiram com incerteza fiscal;

  • Tesouro Direto atraiu investidores com foco em proteção antecipada.

O mercado segue em compasso de espera, observando com cautela os próximos capítulos da novela fiscal em Brasília — e os humores cada vez mais imprevisíveis da política comercial americana.

* Com informações de diversas fontes como Reuters, Bloomberg e Banco Central (BC), entre outras

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