Lula e sua marolinha...

 

Opinião - 27/03/2009 - 04:49:05

 

Lula e sua marolinha...

 

Vicente Barone .

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O governo começa a reconhecer nas decisões mais duras que acaba de tomar que a crise financeira mundial inclui o Brasil. A marolinha fica registrada como parte de uma frase infeliz do presidente da República, que tentou com todas as forças de seu poder de comunicação impedir que se abatesse sobre a Nação o desespero de uma crise com características semelhantes à quebradeira de 1929 e aos tropeços que fizeram dos anos 80 uma década perdida. Agora o tsunami bate em nossas fronteiras, atinge o Produto Interno Bruto (PIB), reduz a receita tributária, abate-se sobre os empregos formais, reproduz todos os sintomas da pandemia econômica mundial e todos parecem estar de acordo que a questão deixou de ser tirar o Brasil da relação das vítimas, mas agir para que o desastre entre nós seja o menor possível.

Essa pandemia começou nos Estados Unidos onde o desemprego forma um enorme exército de mão de obra ociosa em filas de seguro, e tem sua expressão mais forte na Europa em recessão, onde os lugares das filas são tomados por massas de trabalhadores – um milhão segundo as estimativas mais modestas ocuparam as ruas das principais cidades da França – para dizer que querem preservar seus empregos. O Brasil estava aparentemente poupado desse cenário preocupante, mas agora terá que correr para evitar que a inquietação também chegue a nossas ruas.

Todas as avaliações técnicas diziam que seríamos poupados dos sintomas mais graves da doença, mas que ela se abateria infalivelmente também sobre o Brasil, pelo que cabiam iniciativas rigorosas de uma economia de guerra. O discurso oficial nos poupou do susto no primeiro momento, mas a queda de todos os indicadores econômicos exige uma revisão de tudo que foi dito até agora. Estamos, sim, no mesmo curso de um mal cuja cura é apontada para o ano que vem, sem nada que indique uma nova era de crescimento que recomponha o capitalismo nos moldes dos melhores momentos da hegemonia norte-americana e do Estado mínimo. A intervenção estatal na atividade privada, brutal heresia até recentemente, é hoje a única medicação conhecida para combater a doença que se espalhou pelo sistema financeiro.

Em nosso caso, a economia encontrou um ponto de resistência como raras outras nações, mas não estava imune, como está provado, cabendo um tratamento de urgência. Sabia-se, por exemplo, que o governo precisava continuar investindo e controlando os seus gastos, não apenas o Executivo, mas todos os Poderes. Agora esse é um propósito oficial, como outros deverão fazer parte da agenda governamental, bem mais próxima do que se faz lá fora, como, por exemplo, a redução da incrível taxa de juros que nos coloca em desonroso primeiríssimo lugar, na contramão do que ocorre no resto do mundo. A economia nos gastos do governo vai muito além desta ou de qualquer outra crise. Ela é um componente fundamental para todos os momentos como cultura, como política administrativa fundada na qualidade, no bom senso, no respeito aos princípios mais elementares de uma boa administração, com o que não combina – para argumentar – a existência de quase 40 Ministérios, o dobro do que atenderia inteiramente às necessidades da Nação.

Não pode nem deve haver júbilo entre os que em algum momento advertiram para o descompasso dos nossos governantes diante da crise global. Todos estamos no mesmo barco, nunca será demais lembrar, independente de coloração partidária, de simpatizar, ou não, com os governantes. O problema é social, com grave repercussão sobre os de hoje e as gerações que estão chegando ao mercado de trabalho e encontram as portas fechadas, em um cenário onde quase tudo está por ser feito, desde o atendimento aos direitos constitucionais de moradia, saúde, educação, transporte e segurança. Daí entendermos que poderá se caracterizar oportunismo eleitoral confrontar toda e qualquer iniciativa oficial no sentido de amenizar o impacto da crise sobre todos os brasileiros. O momento é de consenso, de parceria para impedir que o nosso barco soçobre.

Links

...Continue Lendo...

...Continue Lendo...

Vídeo