Considerada a menor das três grandes de Detroit, ao lado de Ford e General Motors (GM), a montadora americana Chrysler entrou com pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos nesta quinta-feira, depois de intensas negociações frustradas entre o Tesouro dos EUA e os credores da companhia.
Fundada em 1925 por Walter P. Chrysler, a montadora americana ficou conhecida mundialmente por seus carros de alto padrão e motores possantes. Já prevendo o pior, a revista Time listou dez momentos que marcaram a história da Chrysler, que começa com o inovador modelo Airflow lançado em 1934, em meio à Grande Depressão. Com design desenvolvido em um túnel de ar, o veículo não emplacou nas vendas, mas determinou alguns padrões da indústria.
Em 1951, a montadora deu o pontapé inicial na febre dos "muscle cars", com o potente motor Hemi V-8 de 180 cavalos, que influenciou carros como o Dodge Charger e o Pontiac GTX. Naquele ano, carros impulsionados pelo motor ficaram com as três primeiras posições das 500 milhas de Daytona.
Já nos anos 1970, a montadora americana chegou pela primeira vez à beira da falência. Com as pressões para produzir carros com maior autonomia, as vendas da Chrysler ficaram abaixo das rivais e a montadora dos carros potentes perdeu espaço para a indústria japonesa que chegava ao mercado americano. Assim como neste ano, a Chrysler recebeu US$ 1,5 bilhão de ajuda do governo federal.
Na década de 1980, a estrela da companhia foi o diretor-executivo Lee Iacocca, que lançou o slogan "se achar um carro melhor, compre". Com as vendas da Série K, a montadora conseguiu pagar o empréstimo do governo em 1983.
Segundo a revista Times, um dos sucessos da Chrysler foi a família de minivans iniciada em 1984 com a Plymouth Voyager. Mesmo com as dificuldades financeiras no novo milênio, a montadora se manteve à frente no segmento, com 41% do mercado americano.
Em 1987, a companhia adquiriu a American Motors (AMC), por US$ 1,1 bilhão e englobou a marca Jeep - um dos desejos de Iacocca. O modelo Grand Cherokee permanece até hoje como um símbolo da marca. No entanto, no mesmo ano a Chrysler se envolveu em um escândalo de fraude em hodômetros. A Justiça americana condenou a empresa por desconectar os cabos do hodômetro de carros com mais de 60 mil milhas e retroceder até 400 milhas, para serem vendidos como novos.
A alemã Daimler-Benz comprou a Chrysler em 1998 por US$ 36 bilhões, mas a união não deu certo. Nove anos depois, a Daimler-Benz se livrou da marca americana ao passar o controle para a Cerberus Capital Management. Durante a fusão com a montadora alemã, o ícone da Chrysler foi retirado e as coisas pioraram quando uma propaganda do Dodge Nitro que eletrocutava um cachorro até a morte por tentar fazer "xixi" no pneu.
