De maneira sofrida, a seleção brasileira conquistou o tricampeonato da Copa das Confederações. Depois de sair perdendo por 2 a 0, o time dirigido por Dunga virou e derrotou os Estados Unidos por 3 a 2, neste domingo, no Estádio Ellis Park, em Joanesburgo (África do Sul).
Com o resultado, o Brasil isolou-se como maior vencedor da história do torneio, que começou a ser disputado em 1992, superando a França, que tem dois troféus. A seleção verde-amarela foi campeã em 1997, ao bater a Austrália por 6 a 0, e repetiu a conquista em 2005, com goleada por 4 a 1 sobre a Argentina.
O grande herói do título foi o centroavante Luís Fabiano. Mesmo vindo de uma forte gripe, ele deu início à reação brasileira neste domingo e marcou os dois primeiros gols, terminando a competição com cinco, como havia prometido. O terceiro gol, que valeu o título, foi do zagueiro Lúcio.
Com o triunfo sobre os norte-americanos, o Brasil completa oito vitórias consecutivas. Essa série começou diante do Peru, no dia 1º de abril, pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo. Depois disso, o time de Dunga goleou o Uruguai, no Estádio Centenário, e bateu o Paraguai, em Recife.
Na África do Sul, o Brasil deu início à campanha 100% diante do Egito, em um sofrido triunfo por 4 a 3 sobre o Egito. Ainda na primeira fase, a seleção verde-amarela derrotou os Estados Unidos por 3 a 0 e repetiu o placar contra a Itália.
Para chegar à decisão, o Brasil também havia passado sufoco nas semifinais. Diante da África do Sul, a equipe parou na forte defesa montada por Joel Santana e só marcou o gol da vitória por 1 a 0 aos 42 minutos do segundo tempo, em uma cobrança de falta de Daniel Alves.
O JOGO
O Brasil sofreu com a forte marcação norte-americana desde o começo. Com sete jogadores de branco bloqueando o meio-de-campo, a equipe nacional encontrava enorme dificuldade para ganhar espaço no gramado.
A única saída para o Brasil era acelerar a velocidade do passe e do ataque, especialmente pelas laterais. Pela direita, Maicon era quem mais se destacava, mas não vinha conseguindo direcionar os cruzamentos para os parceiros de amarelo. Gigante, o zagueiro Oguchi Onyewu afastava o perigo que rondava o gol defendido por Tim Howard.
Tranquilos na defesa, os norte-americanos ensinaram para o Brasil como deveria ser feito. Em uma jogada rápida pela direita aos 9 minutos, o lateral Jonathan Spector acertou um cruzamento para Clint Dempsey. O meio-campista se antecipou à marcação e desviou. Não acertou em cheio, mas o toque foi suficiente para jogar a bola longe do alcance de Júlio César, no canto direito.
O Brasil aprendeu: se o meio estava bloqueado, as alas eram as alternativas. E as laterais do gramado permitiram duas boas jogadas: uma com Robinho pela esquerda e outra com Maicon, após receber passe de calcanhar de Kaká. Mas Howard era a segunda barreira a ser vencida.
Aos 25 minutos, o Brasil foi com tudo para o ataque em uma cobrança de escanteio. Maicon pegou mal na bola, que atravessou toda a grande área e caiu nos pés da zaga norte-americana. Com o meio-campo aberto, a seleção levou contra-ataque, que parou nos pés de Landon Donovan. O camisa 10 driblou Ramires e bateu firme, cruzado. Júlio César, de novo, nada pôde fazer.
A essa altura, os Estados Unidos se fecharam ainda mais. A seleção brasileira tinha vários problemas para sair jogando até mesmo em seu campo de defesa. Eram 11 marcadores vestidos de branco. Apenas jogadas com chutes de muito longe ou velocidade pelas laterais davam um alento. Howard fazia questão de frustrar todos os ataques, com um excelente posicionamento.
Foram precisos 15 minutos para o Brasil se reestruturar. Depois que a bola rolou no segundo tempo, o que não foi feito em 45 minutos saiu em 30 segundos. Em jogada rápida pela direita, Maicon encontrou Luís Fabiano na área. O camisa 9 girou sobre a marcação de Jay DeMerit e bateu firme e forte, rasteiro: gol brasileiro.
Por uma vez em uma hora de jogo, o Brasil conseguiu acertar jogadas aéreas aos 13. Após cobrança de escanteio, Lúcio cabeceou firme e Howard espalmou. Dois minutos depois, Kaká cabeceou no travessão e Howard tira a bola de dentro do gol. Os auxiliares não viram o gol que daria o empate ao Brasil.
Uma grande chance apareceu para Luís Fabiano aos 25 minutos do primeiro tempo. O capitão Lúcio saiu da defesa, avançou ao ataque e lançou o camisa 9, que foi parado pela muralha Howard na hora do chute. Aos 30, porém, o centroavante conseguiu empatar. Depois de Robinho desviar cruzamento de Kaká no travessão, Luís Fabiano apareceu na pequena área para igualar o marcador, de cabeça.
O gol que selou o tricampeonato do Brasil nas Confederações surgiu aos 40 minutos. Elano bateu escanteio da direita e encontrou a cabeça de Lúcio, que finalizou com força para fechar a partida.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 3 X 2 EUA
Local: Estádio Ellis Park, em Joanesburgo (África do Sul)
Data: 28 de junho de 2009, domingo
Horário: 15h30 (de Brasília)
Árbitro: Martin Hansson (SUE)
Assistentes: Henrik Andren e Fredrik Nilsson (ambos da Suécia)
Cartões amarelos: Bocanegra (EUA); Lúcio, André Santos e Felipe Melo (Brasil)
Gols
BRASIL - Luís Fabiano, a 1 e aos 30; e Lúcio, aos 40 minutos do segundo tempo
EUA - Dempsey, aos 9 minutos; e Donovan, aos 25 minutos do primeiro tempo.
BRASIL: Júlio César; Maicon, Lúcio, Luisão e André Santos (Daniel Alves); Gilberto Silva, Felipe Melo, Ramires (Elano) e Kaká; Robinho e Luís Fabiano.
Técnico: Dunga.
EUA: Tim Howard; Jonathan Spector, Oguchi Onyewu, Jay DeMerit e Carlos Bocanegra; Ricardo Clark (Conor Casey), Clint Dempsey, Benny Feilhaber (Sacha Kljestan) e Landon Donovan; Charlie Davies e Jozy Altidore (Jonathan Bornstein).
Técnico: Bob Bradley.