Após a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu benefício, o presidente do Senado, José Sarney, ganhou novo fôlego para permanecer no cargo. Quinta-feira, Sarney conversou por telefone com Lula, que se reuniu durante a noite com a bancada petista no Senado para reforçar o pedido de apoio para o presidente da Casa. Os senadores petistas, depois de sugerirem o licenciamento de Sarney por 30 dias da presidência do Senado e recuar da postura adotada na quarta-feira, quinta-feira falavam em levar a Lula a proposta do afastamento temporário, mas admitiam que, caso o presidente ou mesmo Sarney se mantivessem resistentes à ideia, não insistiriam nela a ponto de ameaçar a relação de parceria entre o PT e o PMDB e a governabilidade de Lula.
A previsão era de que Lula se encontrasse com Sarney ainda quinta-feira, mas o presidente adiou o encontro, segundo aliados, justamente para poder enquadrar o PT e cobrar a defesa do peemedebista. O encontro entre os dois deve ser realizado sexta-feira, segundo assessores.
Entre os aliados de Sarney, o clima era de alívio e a avaliação geral entendia que o peemedebista saiu fortalecido do episódio após a intervenção de Lula em seu favor. A leitura é a de que, ao atuar dessa maneira, o presidente deixou claro a importância da manutenção de Sarney para os planos do governo e o demoveu da ideia de licenciamento.
Líder do PMDB no Senado e um dos principais aliados de Sarney na Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) festejou: "ele saiu fortalecido da crise e conta com o apoio de 55 senadores", contabilizava Renan. O líder peemedebista deixou claro ainda que a permanência de Sarney no cargo esteve diretamente relacionada ao fortalecimento do apoio do PMDB ao PT na eleição presidencial de 2010. "Essa crise serviu para aproximar PT e PMDB", disse.
Solução
Em meio às negociações com líderes partidários para tentar contornar os pedidos de afastamento do cargo, o presidente do Senado, Sarney disse quinta-feira ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que "crise política" se resolve com "política", em uma referência à manobra, adotada na quarta-feira, que envolveu a ameaça de renúncia após a perda de apoio do PT. Segundo Mendes, o peemedebista se mostrou firme em relação ao comando da instituição e não fala mais em sair do cargo.
"Não se cogitou isso (renúncia). Ele (Sarney) me relatou a evolução dessa questão (crise) e disse o que eu tenho dito: que crise política se resolve com política", afirmou. O presidente do STF disse ainda que o modelo eleitoral do país favorece as crises enfrentadas pelo Legislativo nos últimos anos, mas os políticos brasileiros têm demonstrado competência para superar momentos de instabilidade. "Essas crises são passageiras ou retornam de outro modo, mas o Brasil tem uma classe política competente e tem sabido superar as mais diversas crises", disse.
