40 anos do primeiro pouso na lua

 

Internacional - 20/07/2009 - 14:42:44

 

40 anos do primeiro pouso na lua

 

Da Redação com Terra

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Conquista da Lua foi motivada por disputa de poder

No dia 16 de julho de 1969, há 40 anos, decolou do Cabo Canaveral, nos EUA, o Apollo 11, ônibus espacial que deu início à missão que transformou em realidade um dos sonhos mais antigos da humanidade: a chegada do homem à Lua. O feito, realizado pelo astronauta americano Neil Armstrong quatro dias depois, teve como motivação a disputa por poder entre os Estados Unidos e União Soviética. Conheça os fatos por trás da aventura que entrou para a história como uma das maiores conquistas da humanidade.

No final da década de 60, o mundo estava polarizado pela chamada Guerra Fria, que teve início ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com a disputa entre soviéticos e americanos sobre o destino dos países da Europa liberados do jugo dos nazista. Os países da Europa Oriental (como Polônia, Tchecoslováquia e Hungria e a parte oriental da Alemanha), que respondiam à governos comunistas, disputavam poder mundial com embates estratégicos e conflitos velados com os Estados Unidos (apoiados pelos países da Europa Ocidental), com governo capitalista e democrático. Os dois blocos iniciaram uma corrida armamentista, com os dois lados construindo bombas nucleares.

"Como resultado da corrida pelas armas nucleares, com suas ogivas, americanos e soviéticos começaram a investir, de forma pesada, no desenvolvimento de mísseis que pudessem levar armas nucleares até o território do adversário. Isto permitiu o desenvolvimento de foguetes capazes de chegar ao espaço", lembra Pedro Paulo A. Funari, professor do Departamento de História e Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp.

A União Soviética foi o primeiro país a colocar um satélite em órbita, em 1957, com o lançamento do Sputnik. No mesmo ano, mandou ao espaço a cadela Laika. Seu maior feito veio em 1961, quando o cosmonauta Yuri Gagarin tornou-se o primeiro homem a viajar no espaço. "A União Soviética definiu a conquista do espaço como a medida de poder e de atração de uma sociedade moderna, e o Presidente Kennedy decidiu que deixar uma conquista espacial espetacular apenas para a União Soviética não era do interesse dos Estados Unidos", afirma John Logsdon, atual curador e perito do Museu Nacional do Ar e Espaço dos Estados Unidos em entrevista à agência AFP. Assim iniciava a chamada corrida espacial, um símbolo da batalha da Guerra Fria.

Para não ficar atrás, em 1961 o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, lançou um desafio. "Acredito que esta nação deve comprometer-se a alcançar a meta, antes que esta década acabe, do desembarque do homem na Lua e seu regresso em segurança à Terra", disse o Kennedy. Foi então que os EUA desenvolvem o programa Apollo, que transformou-se em uma arma bem sucedida na prova de domínio na corrida espacial que culminou com os passos do americano Neil Armstrong na lua durante a missão Apollo 11, em 1969.

A Apollo 11          

A Apollo 11 era formada pelos astronautas Neil Armstrong, comandante, Michael Collins, piloto do Módulo de Comando Colúmbia, e pelo Piloto do Módulo Lunar, Buzz Aldrin, segundo homem a pisar na Lua. A missão teve início no dia 16 de julho de 1969, quando o Colúmbia foi lançado do centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida, na ponta do foguete Saturno V. Quatro dias depois, o Módulo Lunar se desprendeu do Colúmbia e pousou próximo ao Mar da Tranquilidade, na superfície do satélite da Terra. Logo após, o astronauta Neil Armstrong consagrou-se como o primeiro homem a pisar na Lua, seguido pelo colega de missão Buzz Aldrin.

Como símbolo dessa vitória sobre a União Soviética, Neil Armstrong fixou uma bandeira dos Estados Unidos em solo lunar e colocou uma placa com os dizeres: "Aqui homens do planeta Terra colocaram pela primeira vez o pé na Lua. Julho de 1969. Nós viemos em paz, em nome da humanidade". Na placa, as assinaturas dos três astronautas e do então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.

Após duas horas de caminhada de Armstrong e Aldrin na Lua, os dois retornam ao Modulo de Comando com 46 kg de amostras de solo lunar. Os oito dias de duração da missão foram acompanhados atentamente pela televisão e rádio por milhões de pessoas ao redor do mundo e, no lançamento, por milhares de espectadores nas proximidades do Centro Espacial.

Na chegada à Terra, Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins ficaram em isolamento para evitar que possíveis agentes contaminantes trazidos por eles entrasse em contato com a população. Após a quarentena, os três viajaram o mundo, quando foram aclamados heróis por milhões de pessoas.

Após a Apollo 11, o programa Apollo fez outros cinco bem sucedidos desembarques na Lua entre 1969 e 1972. Ao total, 12 homens pisaram na superfície lunar, todos americanos. Os onze anos do programa Apollo, segundo informações da Reuters, custaram aos cofres americanos US$ 25,4 bilhões - quase US$ 150 bilhões com correção monetária -, ou mais de seis vezes o orçamento atual da Nasa.

Fim da corrida espacial

Em 1970, meses após os primeiros desembarques lunares, o dissidente soviético Andrei Sakharov escreveu em uma carta aberta ao Kremlin que a capacidade dos Estados Unidos de colocar um homem na Lua revelou a superioridade da democracia.

"Depois da conquista da Lua pelos americanos, os Russos redirecionaram seus objetivos em duas novas frentes: missões tripuladas, com as Estações Espaciais, e a pesquisa de planetas com sondas automáticas (não tripuladas).", disse o professor Naelton de Araújo, astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro.

A primeira estação espacial, Mir, foi criada neste contexto. Porém, como afirma o professor Funari, "a tecnologia soviética não se aperfeiçoou tanto, mas puderam manter um programa confiável nas estações espaciais posteriores. Com o fim da União Soviética, a Rússia deu continuidade aos seus programas espaciais, mas em cooperação como os Estados Unidos e a Europa."

Em 1975, uma nave Apollo e uma nave Russa Soyuz se encontraram em órbita, como parte de uma "trégua" entre os dois países. Astronautas americanos e cosmonautas russos apertam as mãos no espaço. Este fato foi um marco para o início do entendimento entre as duas nações.

Mas, segundo o professor Funari, o fim da Corrida espacial só se deu anos mais tarde. "O fim da corrida espacial correspondeu ao fim da Guerra Fria (1989). A dissolução da União Soviética e a democratização da Europa Oriental, russos, americanos e europeus começaram a cooperar na exploração do espaço", afirma o professor.

Legado para a humanidade

A conquista da Lua não foi o único resultado da corrida espacial. Muitos dos avanços tecnológicos que desfrutamos hoje - como a comunicação mundial instantânea,via satélite e o uso de computadores pessoais - foram criados na época durante pesquisas de aprimoramento das missões espaciais.

"A corrida espacial produziu avanços tecnológicos incríveis. Em termos práticos, podemos dizer que ele foi responsável pelo desenvolvimento de satélites espaciais de telecomunicação, por exemplo, satélites de avaliação meteorológica, computadores, eletrônicos, plásticos, materiais sintéticos... Nos deixou uma herança tecnológica muito rica. (...) Em termos de astronomia, a chegada do homem à Lua foi importante porque permitiu acesso à amostras do solo lunar e análise destas amostras em laboratório. (...) Com o material trazido da Lua tivemos mais informações sobre o composição geoquímica do Sistema Solar.", afirma o professor Naelton.

Funari vai mais longe. "Em termos simbólicos, o pouso na Lua mostrou que os desafios humanos podem ultrapassar limites", diz.

Astronautas

Neil Armstrong

Neil Alden Armstrong nasceu em 5 de Agosto de 1930 em Ohio, EUA. Formado em engenharia aeronáutica, com mestrado em engenharia aeroespacial, foi piloto de testes em fábricas de aviões americanas e aviador da Marinha dos EUA. Pilotando um caça, participou da Guerra da Coréia, mas foi como comandante da missão Apollo 11 que Neil Armstrong entrou para a história. Ele foi o primeiro homem a pisar na Lua, no dia 20 de julho de 1969, e a frase "este é um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade" que disse ao pisar em solo lunar é uma das mais conhecidas de todos os tempos.

A escolha de Armstrong para o camando da Missão Apollo - e para ser o primeiro homem a pisar na Lua - foi realizada por uma comissão da Agência Espacial Americana (Nasa) e deveu-se ao perfil discreto, reservado e corajoso do atronauta.

Sua entrada na Nasa aconteceu em 1962, quando foi escolhido para participar de um grupo de astronautas conhecido como Grupo dos Nove, tornando-se o primeiro astronauta civil dos EUA. Em 1966, Armstrong realizou seu primeiro voo ao espaço na missão Gemini VIII, da qual foi comandante. A missão era um treinamento para as missões Apollo, e nela seriam realizados testes com os sistemas desenvolvidos para realizar a conexão (e desconexão) do Módulo de Comando Colúmbia com o Módulo Lunar. Os sistemas foram testados na Gemini VIII com o foguete não tripulado Agena.

Três anos depois, a bordo do Colúmbia, Armstrong comandou a missão mais importante de sua vida, e a mais importante da Nasa até hoje, a Apollo 11. A tripulação era formada por Armstrong, Edwin "Buzz" Aldrin e Michael Collins, piloto do Colúmbia.

No desembrarque em solo lunar, realizado no Módulo Lunar, ele e seu colega Aldrin fixaram uma bandeira dos Estados Unidos - como símbolo da conquista do país frente à União Soviética e ao mundo - e uma placa com os dizeres "Aqui homens do planeta Terra colocaram pela primeira vez o pé na Lua. Nós viemos em paz em nome da humanidade". Na placa, a assinatura dos três astronautas da missão e do então presidente dos EUA, Richard Nixon.

Os dois astronautas permaneceram 21 horas em solo lunar e recolheram cerca de 46 kg de material do satélite da Terra.

Após retorno ao nosso planeta, Armstrong e os dois colegas permaneceram em isolamento para evitar que possíveis contaminantes existentes na Lua trazidos por eles entrassem em contato com a população. Após sair da quarentena, os três tornaram-se celebridades viajando pelo mundo como representantes do poder tecnológico americano.

Por decisão pessoal, a missão da Apollo 11 foi a última de Armstrong ao espaço. Desconfortável com a fama gerada pela chegada à Lua, o astronauta retirou-se da Nasa em 1971 e tornou-se professor de engenharia na Universidade de Cincinatti, cargo que ocupou até 1980. Atualmente, aos 78 anos, vive em Ohio com sua segunda esposa.

Edwin "Buzz" Aldrin

Mundialmente conhecido como Buzz Aldrin, o astronauta Edwin Eugene Aldrin Jr. Nasceu em Nova Jérsei, nos EUA, em 1930. Buzz foi o segundo homem a pisar na Lua durante a missão Apollo 11, em 20 de julho de 1969, descendo do Módulo Lunar logo atrás do comandante, Neil Armstrong.

Aldrin é formado em engenharia mecânica pela Academia Militar em West Point, doutor em Ciências aeronáuticas pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e foi piloto na Força Aérea dos EUA. Como piloto, participou de 66 missões de combate Coreia. Ingressou na Nasa em 1963, no terceiro grupo de astronautas da Agência Espacial e seu primeiro voo espacial foi em 1966 a bordo da missão Gemini XII. Nesta missão, o astronauta quebrou o recorde de permanência no espaço fora da nave, ficando por cinco horas e meia no espaço. Em 1969, ele foi escolhido para participar da missão Apollo 11.

Foi nessa missão que Buzz e Neil Armsrong entraram para a história ao pisar na Lua. No satélite da Terra, os dois astronautas fixaram uma bandeira dos Estados Unidos - como símbolo da conquista do país frente à União Soviética e ao mundo - e uma placa com os dizeres "Aqui homens do planeta Terra colocaram pela primeira vez o pé na Lua. Nós viemos em paz em nome da humanidade". Na placa, a assinatura dos três astronautas da missão e do então presidente dos EUA, Richard Nixon.

Os dois astronautas permaneceram 21 horas em solo lunar e recolheram cerca de 46 kg de material do solo lunar.

Após retorno à Terra, Aldrin e os dois colegas permaneceram em isolamento para evitar que possíveis contaminantes existentes na Lua trazidos por eles entrassem em contato com a população. Após sair da quarentena, os três tornaram-se celebridades e viajaram pelo mundo como representantes do poder tecnológico americano.

Extrovertido, Buzz Aldrin rapidamente assumiu a posição de "porta-voz" da tripulação da Apollo 11, participando de inúmeras entrevistas, programas de TV, rádio e até filmes dedicados à essa conquista americana. O astronauta tem uma estrela com seu nome na calçada da fama em Hollywood.

A fama rendeu-lhe frutos, mas também problemas. Aldrin sofreu de alcoolismo e depressão durante anos que seguiram a volta á Terra depois da Apollo 11. Esse fato foi, inclusive relatado mais tarde em sua autobiografia. As doenças contribuíram para a sua aposentadoria da Nasa e da Força Aérea Americana.

Apesar da aposentadoria, Aldrin – hoje com 79 anos - participa de projetos em prol da continuidade da exploração espacial, tendo como principal objetivo, a conquista do planeta Marte.

Michael Collins

Filho de pais americanos, o astronauta Michael Collins nasceu em Roma, na Itália, em 1930. Após o início da Segunda Guerra Mundial, a família Collins decidiu deixar a Itália onde moravam e retornar aos Estados Unidos. Nos EUA, Collins decidiu-se pela carreira militar, seguido uma tradição familiar. Bacharel em Ciências pela Academia Militar dos Estados Unidos, Collins foi piloto de testes da Força Aérea Americana e foi selecionado para integrar o quadro de astronautas da Nasa em 1963.

Três anos depois, em 1966, participou da sua primeira missão espacial, a Gemini X, onde realizou duas caminhadas espaciais. Em 1969, foi escolhido para ser o piloto o Modulo de Comando Columbia na histórica missão Apollo 11. Por ter sido o único a não desembarcar na Lua, acabou ofuscado pelos colegas e o nome menos conhecido desta missão. O Módulo de Comando ficou na órbita da Lua, de onde Collins monitorava o trabalho dos de Neil Armstrong e Buzz Aldrin em solo lunar.

Em sua autobiografia, Collins escreveu "esta missão foi estruturada por três homens, e eu considero minha parte dela tão necessária como a de qualquer um dos outros dois". E essa é a verdade, já que dele dependiam para um retorno seguro à nave Colúmbia e posterior regresso à Terra, seus dois colegas de missão.

Seu nome não ficou muito conhecido, mas o símbolo da missão Apollo 11 - uma águia pousando na Lua com um ramo de oliveira - que tornou-se um dos ícones da chegada do Homem à Lua, é de sua autoria.

Após retorno ao nosso planeta, Collins e os dois colegas permaneceram em isolamento para evitar que possíveis contaminantes existentes na Lua trazidos por eles entrassem em contato com a população. Após sair da quarentena, os três tornaram-se celebridades viajando pelo mundo como representantes do poder tecnológico americano.

Logo, Collins assumiu um cargo no Departamento de Estado dos Estados Unidos, era então o Assistente Especial de Negócios Públicos. Depois foi nomeado diretor do Museu Nacional Aeroespacial dos Estados Unidos, cargo que ocupou até o ano de 1978 quando foi convidado para ser o subsecretário do Smithsonian Institution. Nesse mesmo ano, o astronauta se aposentou da Força Aérea dos Estados Unidos com o posto de Major-General. E em 1980 assumiu o cargo de Vice Presidente da LTV Aerospace. Em 1985 afastou-se para iniciar seu próprio negócio.

Collins, atualmente com 79 anos, é casado e tem três filhos.

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