Conforme havia anunciado semana passada, o senador Flávio Arns (sem partido-PR) comunicou nesta quinta-feira sua desfiliação do PT. Ele alegou que a legenda, ao votar pelo arquivamento de ações contra o presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP), cometeu "flagrante distanciamento e violação aos princípios e diretrizes que sempre nortearam o ideal do partido".
Além disso, em carta lida no plenário do Senado, o senador afirma que a postura do PT no Conselho de Ética da Casa ao votar pelo arquivamento dos 11 pedidos de investigação contra Sarney vai contra o que a bancada do partido havia acordado anteriormente, de defender a investigação profunda de todas as denúncias.
Ao contrário do dia em que anunciou sua saída do partido, quando o senador disse que o PT havia "jogado sua ética no lixo", desta vez Arns baixou o tom e em sua carta fez ate elogios à militância petista. "Venho comunicar meu desligamento das fileiras do Partido dos Trabalhadores, pedindo que seja este formalizado internamente, ao tempo em que enalteço o trabalho da militância responsável pela construção desse partido, cujo respeito aos princípios que o fundamentaram poderia ter estabelecido uma nova maneira de se fazer política no País", diz o documento.
Sobre a possível perda do mandato por conta da fidelidade partidária, Arns se disse tranquilo. "Se houver um debate judicial na sequência, vamos enfrentar com a maior tranquilidade e segurança, inclusive para que o Brasil possa ter uma jurisprudência que diga que fidelidade tem de ser de mão dupla: minha com o partido e do partido com seu ideário, filosofia, história, programa. Não fui eu infiel, mas sim o partido foi infiel à sua história e ao seu programa", justificou.
A desfiliação ainda não foi formalizada junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná.