França e Polônia querem que Polanski seja libertado sob fiança

 

TV - 28/09/2009 - 15:29:34

 

França e Polônia querem que Polanski seja libertado sob fiança

Diretor foi preso na Suíça por ação datada de 1977, nos EUA.

 

Da Redação com G1

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Ele está numa cela com TV e pode se exercitar uma hora por dia.

Ele está numa cela com TV e pode se exercitar uma hora por dia.

Uma disputa internacional se instaurou nesta segunda-feira (28), com Roman Polanski no centro. França e Polônia estão pressionando a Suíça para que o cineasta de 76 anos seja libertado sob fiança e para que o caso seja analisado pela Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Polanski está em seu terceiro dia de detenção, depois de ter sido preso pela polícia suíça no sábado, ao chegar em Zurique, por conta de um mandado internacional. Ele iria receber um prêmio pelo conjunto de sua obra no festival de cinema local.

O cineasta está em uma cela na qual recebe três refeições por dia, e tem direito de sair por uma hora para se exercitar. Rebecca de Silva, porta-voz das autoridades prisionais de Zurique, se recusou a afirmar onde exatamente o cineasta está sendo mantido, por motivos de segurança.

Ela disse, no entanto, que as celas costumam ser individuais ou duplas, e cada uma tem mesa, pia, banheiro e televisão. Familiares e amigos podem ver Polanski apenas por uma hora na semana, mas isso não inclui visitas oficiais de advogados ou diplomatas.

Um complexo processo legal corre contra ele nos Estados Unidos desde 1977, quando foi condenado por fazer sexo com uma menina de 13 anos. Um ano depois, o cineasta fugiu para a França e nunca mais pisou em terras norte-americanas, sob o risco de ser preso. Acontece que a Suíça tem acordo de extradição com os EUA, e pode acabar enviando o diretor para o país.

O ministro da Justiça suíço não elimina a possibilidade de que Polanski, diretor de sucessos como “Chinatown” e “O bebê de Rosemary”, possa ser libertado sob fiança e condições estritas de não sair da Suíça. O porta-voz da Justiça, Guido Balmer, afirmou que um acordo não está totalmente excluído.

Repercussão
Em Paris, o ministro das Relação Exteriores Bernard Kouchner afirmou esperar que Polanski possa ser rapidamente libertado e definiu a detenção como “sinistra”. Ele também afirmou ter escrito a Clinton e disse que pode haver uma decisão iminente sobre o caso, se a Justiça suíça aceitar fiança.

Polanski foi “jogado aos leões”, disse o ministro da Cultura francês, Frederic Mitterrand. “Da mesma forma que há uma América generosa, da qual nós gostamos, há também uma assustadora, que acabou de mostrar sua face.”

Polanski, que tem dupla cidadania francesa e polonesa, contratou o advogado suíço Lorenz Erni para representá-lo. O mais provável é que ele passe alguns meses na prisão, a não ser que aceite abrir mão de qualquer recurso contra sua extradição. Washington tem 60 dias para formalizar um pedido de transferência. E de acordo com experiência similar passada recentemente pelo ex-ministro russo Yevgency Adamov, o acusado deve ser mantido sob custódia durante todo o desenrolar processo.

Da mesma forma, o processo pode ser lento para os Estados Unidos. O pedido de extradição tem que primeiro ser analisado pelo ministro da Justiça suíço e, uma vez aprovado, pode haver apelação em muitas instâncias. A saga de Adamov, em 2005, levou sete meses para se resolver.

Histórico
Polanski foi preso no final da década de 1970 e acusado de oferecer drogas e álcool a uma adolescente de 13 anos e de fazer sexo com ela em uma sessão fotográfica na casa do ator Jack Nicholson.

À época, o diretor alegou que a menor não era mais virgem e que não fora forçada. Ele passou 42 dias na prisão e saiu do país antes de receber sua sentença. Seu visto aos EUA está suspenso desde então.

A vítima no centro do caso, Samantha Geimer, hoje casada e com filhos, já pediu que as acusações contra o diretor sejam retiradas. Ela diz que a insistência da Justiça para que o cineasta compareça diante de um juiz americano é uma "piada cruel".

O Tribunal Superior de Los Angeles rejeitou em maio, de maneira definitiva, o pedido dos advogados de Polanski para suspender as acusações por abuso sexual. O juiz Peter Espinoza já tinha rejeitado em fevereiro a solicitação da defesa, ao entender que Polanski tinha de comparecer primeiro perante a corte pessoalmente para responder sobre o ocorrido há mais de 30 anos.

Intervenção
Neste domingo, Kouchner interveio perante a ministra de Exteriores suíça, Micheline Calmy-Rey, para pedir que se garanta o respeito aos direitos do cineasta.

O Ministério de Exteriores francês publicou uma nota na qual indica que Kouchner falou com Calmy-Rey para expressar "o desejo das autoridades francesas de que os direitos do senhor Polanski sejam plenamente respeitados e que este assunto encontre rapidamente uma saída propícia".

A nota acrescenta que os advogados do diretor de cinema entraram em contato com as autoridades francesas depois da detenção de Polanski.

O ministério francês afirma que o embaixador da França na Suíça e o cônsul geral francês em Zurique entraram em contato com as autoridades suíças para "exercer o mais rapidamente possível o direito de visita consular" ao detido.

O diretor de cinema, que tem nacionalidade francesa, não pode ser extraditado da França, porque este país não tem a obrigação de extraditar seus próprios cidadãos. Paralelamente, as acusações sobre Polanski nos tribunais dos Estados Unidos não são passíveis de tal medida, segundo a legislação francesa.

Procuradoria teria planejado detenção, diz jornal
A Procuradoria do condado Los Angeles, na Califórnia, planejou a detenção de Roman Polanski quando soube que o cineasta iria à Suíça para receber um prêmio, informou neste domingo o "Los Angeles Times".

O jornal citou uma porta-voz da Procuradoria, segundo a qual o órgão judicial enviou uma ordem provisória de detenção ao Departamento de Justiça, que o apresentou às autoridades suíças.

"Em pelo menos duas ocasiões anteriores o escritório da Procuradoria teve informações de que Polanski tinha planos de viagem a países com tratados de extradição com os EUA e preparou os trâmites para a detenção", disse a porta-voz. "Mas, no final, aparentemente ele soube e não viajou", acrescentou.

Oscar à distância
Sem pisar em solo norte-americano desde o incidente, Roman Polanski recebeu à distância o Oscar de Melhor Filme pelo longa "O pianista", de 2002. Por medo de ser enviado à Justiça dos EUA, o cineasta já evitou, aliás, rodar suas obras no Reino Unido, que assim como a Suíça tem acordos de extradição com os Estados Unidos.

Ele está numa cela com TV e pode se exercitar uma hora por dia.

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