O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, disse nesta terça-feira que a antecipação de propaganda eleitoral "perturba o funcionamento da máquina administrativa", mas que as representações levadas pela oposição ao tribunal questionando atividades do governo devem ser mais consistentes. Este ano, o TSE negou três ações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), por suposta campanha antecipada.
A oposição entrou hoje com uma nova representação, dessa vez para questionar a viagem do presidente para vistoriar as obras de revitalização do rio São Francisco na última semana. Além de Dilma, a comitiva incluía o também pré-candidato Ciro Gomes (PSB).
Sem citar especificamente a viagem do presidente e sua comitiva, Ayres Britto afirmou que candidatos que estão mais próximos dos chefes dos Executivos são naturalmente favorecidos na busca de votos.
"As chefias do Poder Executivo são o foco das atenções gerais. Daí o jargão 'quem está mais próximo da lareira se aquece melhor'", comparou. "Isso é muito usado para mostrar a vantagem que se tem quando se integra caravana chefiada pelo presidente, governador, prefeito."
Britto lembrou que em ano pré-eleitoral "a temporada ainda não é de caça ao voto", mas pela proximidade do pleito "é difícil separar com nitidez" ações normais de um governo da promoção de um candidato.
"A propaganda eleitoral antecipada perturba a rotina, o funcionamento da máquina administrativa. Os administradores deixam de tocar seu projeto administrativo e desviam para a campanha, favorecendo este ou aquele pré-candidato", afirmou.
O presidente do TSE disse ainda que o posicionamento da Corte é de "prontidão, vigília e expectativa" para julgar qualquer suspeita de crime eleitoral por propaganda antecipada.