Uma eventual intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou de sua candidata à sucessão de 2010, ministra Dilma Rousseff, para resolver problemas que ameaçam os acordos estaduais entre PT e PMDB deve ocorrer apenas no ano que vem.
A avaliação é de políticos do governo, para os quais uma atuação agora - com o cenário eleitoral ainda obscuro e suscetível às mais variadas mudanças - não resolveria os impasses domésticos, obstáculos à consolidação de uma aliança.
"Em algum momento precisaremos do presidente e da ministra, mas não vejo necessidade agora", disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP). "É algo para o começo do ano."
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), defendeu atuação do presidente ou de Dilma para solucionar entraves regionais, mas uma fonte do PMDB disse, sob condição do anonimato, que isso não é uma demanda da cúpula peemedebista e que "não é a hora para resolver isso".
Seis obstáculos
A convenção peemedebista ocorre em junho e é a instância máxima para chancelar a coligação. O risco é não amarrar compromissos a tempo e ficar sem esses votos dos convencionais.
Os seis Estados mais estratégicos - portanto, os de maior peso na convenção - não estão pacificados e oferecem alto grau de dúvidas quanto ao crivo à aliança.
Rio de Janeiro e Minas Gerais têm o maior peso na convenção, com 80 votos no primeiro e 68 votos no segundo, conforme levantamento do partido. Em seguida, vem o Paraná, com 63 votos. Lá, o governador Roberto Requião (PMDB) deve lançar seu vice, enquanto o PT cogita apoiar nome do PDT. No Ceará, que tem 51 votos, o problema não é para o governo, mas quem disputará as duas vagas no Senado.
Rio Grande do Sul (50 votos) e Santa Catarina (49) configuram terrenos quase intransponíveis para Dilma. Em ambos, o PMDB pretende ficar ao lado do governador José Serra (PSDB), provável candidato da oposição, importando menos a eventual intervenção de Lula ou da própria candidata.
Racha
Fora esses, há pelo menos outros oito Estados em que a convivência não vai bem. Em São Paulo, por exemplo, há um racha. Enquanto o presidente regional da legenda, Orestes Quércia, deseja ficar com José Serra, o presidente da Câmara, Michel Temer, é cotado para a vice de Dilma.
O Estado, nono lugar em termos de influência na convenção, provavelmente seguirá dividido, gerando a busca pelo voto a voto. Essa solução pode ser repetida nos locais onde não houver consenso com o PT.