As Bolsas da Ásia registraram baixas expressivas nesta sexta-feira em consequência dos temores relacionados às dificuldades financeiras de Dubai, depois que o principal grupo econômico do emirado, o Dubai World, pediu uma moratória para o pagamento de sua dívida.
Tóquio encerrou a sessão em forte baixa de 3,22%. O índice Nikkei perdeu 301,72 pontos, a 9.081,52 unidades, em consequência dos temores sobre de Dubai e também da valorização do iene em relação ao dólar. O índice ampliado Topix cedeu 18,55 pontos (-2,24%), a 811,01 unidades.
Em Hong Kong o tombo foi ainda maior, com a queda de 4,84%. O índice Hang Seng perdeu 1.075,91 pontos, a 21.134,50 unidade. Outros mercados importantes também foram afetados: Xangai perdeu 2,36% e Seul recuou 4,69%.
Nos Emirados Árabes Unidos, a imprensa considera que as dificuldades financeiras de Dubai foram exageradas pelos mercados financeiros. "Reações exageradas dos mercados europeus às notícias de Dubai", destaca o jornal econômico de Abu Dhabi, Alrroya Aleqtissadiya.
Para o jornal, os mercados reagiram de maneira muito negativa ao anúncio de Dubai, quando permaneceram impassíveis diante dos números negativos do emprego na Europa e Estados Unidos. O Gulf News de Dubai afirma que não se deve exagerar nem subestimar a situação atual, insistindo na "transparência" da medida adotada por Dubai e em estreita colaboração com o sócio, o rico emirado petroleiro de Abu Dhabi.
O jornal informa que o governo de Dubai tem uma "estratégia para enfrentar a situação" em cooperação com Abu Dhabi e que os cinco bilhões de dólares de bônus do Tesouro assinados por dois bancos de Abu Dhabi integram a mesma.
A preocupação global com os planos de reestruturação da dívida de Dubai concentrou as atenções do mercado nessa quinta-feira e o dólar subiu diante do real, em uma sessão esvaziada pelo Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. A moeda americana avançou 1,39%, para R$ 1,75.
Às 16h30, o índice do dólar em relação às principais moedas exibia alta de 0,75%, e o euro voltava a rondar US$ 1,50 após subir fortemente no dia anterior. No Brasil, o principal índice de ações caía mais de 2%.
A empresa de investimentos estatal de Dubai, a Dubai World, pediu nessa quinta-feira aos seus credores um prazo de seis meses para pagar as dívidas relacionadas ao rápido desenvolvimento do emirado.
As dívidas da empresa totalizam US$ 59 bilhões - uma dívida que a companhia pretende pagar até maio de 2010. O pedido de prazo também se aplica para as dívidas da Nakheel, uma companhia do setor imobiliário e subsidiária da Dubai World. A empresa ainda indicou o grupo de contabilidade Deloitte LLP para ajudar na reestruturação financeira da Dubai World, fortemente afetada pela crise econômica global.
A crise afetou todos os setores de Dubai, onde depois de seis anos de rápido crescimento, a economia despencou desde meados de 2008 e o mercado imobiliário foi fortemente atingido, com queda nos preços dos imóveis. Dubai é um dos sete emirados semiautônomos que formam os Emirados Árabes Unidos.