Entre os cerca de 2 mil convidados para a pré-estréia do filme Lula, o filho do Brasil, havia gente que conviveu com o agora presidente Luiz Inácio da Silva e que se lembra com alguma saudade do final dos anos 70, quando os metalúrgicos fizeram história ao desafiar a ditadura militar e parar as fábricas. Na pauta das reivindicações, melhores condições salariais e abertura política.
No filme, algumas cenas reais das manifestações são intercaladas com outras gravadas. Para o ex-metalúrgico José Fernandes, 52 anos, o filme reaviva as lembranças da época, mas foi mais leve do que a realidade.
"Para a gente que viveu aquilo, faltou um pouco da repressão que vivemos naquela época. O pau comeu feio com a polícia. O filme mostra um pouco do que aconteceu, mas a realidade foi muito mais intensa. De qualquer maneira, é bacana ver isso na tela do cinema", afirmou.
Raul Joaquim da Silva, 67 anos, companheiro de Fernandes na Volkswagen, também lembra com alguma saudade daquela época. "A história do Lula é essa aí. A gente batalhou muito naquela época e temos orgulho disso. Não cabe tudo em apenas um filme", diz.
O atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Nobre, fez um rápido discurso antes do filme. Aos colegas, disse que Lula "é uma figura extraordinária e o mundo tem o direito de conhecer o menino que veio lá de Garanhuns".
"Ele já trouxe para o Brasil a Copa do Mundo, a Olimpíada e quem sabe não traz um Oscar também", disse, se referindo ao prêmio máximo da indústria de cinema norte-americana.
O diretor Fábio Barreto afirmou que a história de Lula é a mesma de milhares de brasileiros. Seu pai, Luiz Carlos Barreto, disse que os metalúrgicos dobraram e quebraram a espinha da ditadura militar. "Este não é um filme político, mas a história da força sindical, que teve muita coragem e momentos de superação."
Além dos metalúrgicos, muitos funcionários públicos de São Bernardo também acompanharam a apresentação. Luiz Marinho, prefeito da cidade, afirmou que a história de Lula está ligada à cidade. "Somos todos muito gratos a tudo o que aconteceu aqui", disse.
Lula assistiu ao filme na companhia da primeira-dama, Marisa Letícia, e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, também participaram da sessão ao lado do presidente.
Entre os convidados estavam o deputado federal José Genoino, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, os senadores Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy, além do ex-jogador da Seleção Brasileira, Sócrates.