'Thor' muitas explosões mas edição perde no 'timing'

 

Lazer - 02/05/2011 - 22:37:13

 

'Thor' muitas explosões mas edição perde no 'timing'

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Mais um épico dos quadrinhos Marvel, Thor estreiou esta semana nas principais telas do país.

Mais um épico dos quadrinhos Marvel, Thor estreiou esta semana nas principais telas do país.

Vamos começar essa história pelos créditos finais. Vestidos com os óculos 3D gentilmente cedidos por aquele ingresso "um pouco" mais caro, assistimos a um espetáculo deslumbrante, um passeio por nebulosas, galáxias, estrelas e planetas. Experiência que poucos planetários conseguem reproduzir assim de forma tão grandiloquente. Segue-se à essa imagem os nomes de quem produziu o filme e, tendo a paciência que todo fã de super-herói tem em esperar a derradeira cena pós créditos, ficamos diante de uma infinidade de nomes, em equipes gigantes responsáveis pela "modelagem", "textura", "iluminação", finalização em "CG", "animação" e toda essa parte de efeitos especiais que, em Thor, consegue ser ainda mais gigante que o enorme moço que o interpreta.

Mais do que surpreendidos pelo bem-elaborado espetáculo tridimensional nessa viagem sideral, curioso mesmo é ver que esse calhamaço de créditos pertence a filme de Kenneth Branagh, diretor e ator inglês conhecido por sua consanguinea afeição aos dramas familiares Shakespereanos e, portanto, ao balé do teatro, às métricas e às palavras marinadas pela pompa e poeira dos livros de capa dura.

É de Branagh, portanto, a direção do super-herói Marvel cujo drama existencial mais se aproxima dessas tempestivas relações de amor e ódio entre pais, filhos, irmãos e, claro, do amor impossível, elementos presentes nos versos do Bardo do Avon. Com todo esse material em mãos, e estamos falando tanto do potencial épico quanto dos efeitos especiais, o diretor cria um filme tão ostentoso e pirotécnico quanto cansativo.

O filme, que resgata o Thor tal como os fãs o conhecem nos quadrinhos quando Stan Lee puxou o personagem para debaixo de seu guarda-chuva, nos introduz à mitologia nórdica própria dos personagens. Filho de Odin (aqui interpretado por um Anthony Hopkins cansado o suficiente para o papel de rei em dias de repasse de trono) e irmão de Loki (Tom Hiddleston), Thor é o loiro bruta-montes que, tão grande e perfeito que é, não merece o título de homem-armário, mas sim de homem-closet. Interpretado pelo gigante e bem-nascido Chris Hemsworth (1,91m e 0% de gordura corporal), Thor nos convence tanto no papel do rapaz mimado, quanto no momento do príncipe exilado.

Herdeiro direto ao trono de Asgard, ele é afeito a uma boa briga quando munido de seu martelo Mjolnir (não tente pronunciar) e, cego de orgulho, não percebe que perde a confiança de seu pai, o Rei Odin, quando provoca uma possível nova guerra com os Gigantes de Gelo de Jotunheim. Resumindo: Sem tempo ou paciência para as crises de menino brigão de Thor, e sob o pretexto do sábio que tudo antecipa, Odin envia seu filho predileto à Midgard, popularmente conhecida como o planeta Terra, lugar certo para ele ficar de castigo.

E aí começamos a ver um filme entrecortado em dois espaços que se desencaixam na ilha de edição: o primeiro com as cenas dos terráqueos gente-boa e engraçados, e o segundo dos embates teatrais no olimpo nórdico e dourado de Asgard. Branagh se mostra particularmente interessado nesse segundo território, coloca a câmera em diagonal, faz precisas marcações de cena, capricha na dramaticidade. Peca quando não dá a mesma atenção a nós, mortais, aqui personificados na lente cor de caramelo de Natalie Portman, a Jane Foster no papel da cientista sensual com camisa de flanela. E por vários momentos nos sentimos tão deslocados do filme quanto Thor em seus primeiros minutos na Terra.

O vai-e-vem entre Shakespeare e Stan Lee esgota um pouco. O Papa é pop, mas nem tanto. Vale lembrar também que, em semana de casamento real, essa nossa proximidade com a hierarquia feudal não deve ser assim tão fora de sincronia.

Importante notar, porém, que todos os méritos do filme, além da escolha perfeita de Hemsworth para o papel-título, acontecem porque o diretor sabe explorar esse verve explosiva de seus personagens quase vikings. O martelo todo-poderoso do personagem cumpre sua função de arma de destruição em massa, o balé bélico funciona na medida que dá para manipular os personagens de computação gráfica e nossos tímpanos sentem a pressão.

Ok, alguns efeitos especiais deixam a desejar - ah sim, o cinema industrial da computação gráfica nos deixou exigente com esse tipo de artifício (?) narrativo -, mas no grosso dá pra dizer que os efeitos preenchem as lacunas quando o roteiro entra em descompasso, algo que não é assim tão raro.

E aos que vão ficar sentados esperando a sempre aguardada "cena do próximo capítulo" típica dos filmes de super-heróis, só um recado: espere mais atenção em Os Vingadores para personagens pouco explorados em Thor.

Mais um épico dos quadrinhos Marvel, Thor estreiou esta semana nas principais telas do país.

Mais um épico dos quadrinhos Marvel, Thor estreiou esta semana nas principais telas do país.

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