Ao defender a realização das reformas previdenciária e tributária, ambas em tramitação na Câmara dos Deputados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado, dia 4, terça-feira, por um grupo sindicalistas presentes ao 8º Congresso Nacional da da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que se realizou no Parque Anhembi, em São Paulo.
“Vamos fazer a economia brasileira voltar a crescer, vamos gerar os empregos que precisamos, vamos fazer as reformas que precisam ser feitas neste País e vamos fazê-las com a maior tranqüilidade”, afirmava o presidente, no momento em que as vaias irromperam de maneira mais forte.
Lula respondeu aos apupos dos sindicalistas, de tendências esquerdistas minoritárias da CUT, como a Organização Marxista Proletária, a Liga Bolchevique Internacionalista e a Corrente Socialista. “Não me preocupo com vaias, porque acho que a vaia é tão importante quanto o aplauso. Teve gente que me vaiou porque eu queria criar o PT. Vocês sabem o tanto que fui vaiado para criar a CUT, em 1983”, polemizou.
Os sindicalistas portavam faixas dizendo: “Não às reformas neoliberais de Lula e do FMI”, “Abaixo as reformas neoliberais do Governo burguês Lula/FMI”, e “A CUT tem o dever de ser contra a reforma da Previdência.” Gritavam ainda slogans com críticas ao presidente: “É Lula lá, é nós aqui, é unidade contra o FMI”, “Um, dois, três, quatro, cinco, mil, ou pára essa reforma ou paramos o Brasil”, “A CUT é um milhão, não é aparelho da Articulação”, e “Lula tenha decência, não privatize a Previdência.”
O presidente ouviu os coros, leu as faixas e foi aplaudido quando rebateu: “Quero pedir a vocês uma coisa. Em vez de alguns companheiros, tão preciosos, fazerem faixas, seria melhor dizer o que querem para a gente poder atender, para a gente poder fazer as coisas. Isso seria muito melhor e muito mais prudente.” A resposta mostra o oposto que ele e seu partido, PT, fizeram durantes os anos anteriores à sua eleição à presidência.
Em encontro realizado pelo PT na sede do partido em São Bernardo em 1999, Lula discursava com o seguinte tom: “O PT precisa mudar. Nós precisamos parar de criticar e começar a apresentar soluções. Precisamos também nos unir a outros partidos, sermos mais maleáveis, se quisermos chegar ao poder. O PT precisa mudar para vencer as eleições em 2002”.E mudou, pelo menos uma parte do partido e de seus aliadas mudaram.
Lula fez um apelo aos sindicalistas presentes ao encontro da CUT em São Paulo nessa última terça-feira em defesa do entendimento. “Vamos fazer as coisas numa mesa de negociação, na qual todos poderão dizer o que pensam, todos poderão brigar por aquilo que acreditam que seja verdadeiro, até que uma deter
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