O dólar registrou a maior alta diária ante o real em quase seis meses nesta quarta-feira, com investidores se desfazendo de algumas posições vendidas no mercado futuro, em meio a um cenário externo negativo. A moeda americana avançou 1,01%, a R$ 1,605 na venda. É o maior ganho diário desde 8 de novembro do ano passado, quando a cotação subiu 1,13%.
"O pessoal está mais reticente em derrubar o dólar desde que as medidas do governo começaram a surtir efeito", comentou Ovídio Soares, operador de câmbio da Interbolsa, referindo-se à imposição da alíquota de 6% sobre as contratações de empréstimos externos com prazo de até dois anos, anunciada no início de abril.
Nesta tarde, o Banco Central (BC) informou que o fluxo cambial de abril foi positivo em US$ 1,541 bilhão, bem abaixo dos US$ 12,66 bilhões apurados em março.
Para Alfredo Barbutti, economista-chefe da BGC Liquidez, a alta do dólar nos últimos dias pode ser atribuída a ajustes de investidores após a moeda ter se aproximado na semana passada das mínimas em 12 anos contra o real.
"Para ficar vendido naquele nível de R$ 1,571 num ambiente de fluxo menor você precisa ter argumento. Você pode fazer isso não a um patamar de R$ 1,57, mas talvez em R$ 1,601", disse.
Dados da BM&FBovespa mostram uma forte redução nas apostas de investidores estrangeiros a favor do real. Os dados mais recentes disponíveis, na terça-feira, mostravam que os não-residentes sustentavam US$ 15,51 bilhões em posições vendidas nos mercados de dólar futuro e cupom cambial (DDI), bem menos que os R$ 18,71 bilhões registrados há uma semana.
"Por isso, podemos presenciar um período mais volátil, sem que este fato coloque efetivamente a moeda americana em tendência de alta sustentável", afirmou em relatório Sidnei Moura Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
Saores, da Interbolsa da Brasil, lembrou que o cenário externo negativo também estimulou a demanda por dólares no mercado doméstico. Enquanto as operações locais se encerravam, as principais bolsas de valores dos Estados Unidos recuavam, após dados macroeconômicos no País apontarem uma desaceleração na retomada econômica em abril.
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