A Polícia Civil de São Paulo informou na tarde desta quinta-feira que câmeras do circuito interno da Universidade de São Paulo (USP) filmaram dois suspeitos da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, 24 anos, na noite de quarta-feira. O jovem foi assassinado com um tiro na cabeça no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Segundo o delegado Jorge Carlos Carrasco, titular do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), os dois homens estavam dentro do saguão da FEA-USP e seriam "estranhos ao campus".
De acordo com o depoimento de testemunhas, a dupla teria abordado a vítima após Felipe ter sacado dinheiro de um caixa eletrônico. "Tudo indica que se trata de um latrocínio. A fechadura quebrada, a perna já dentro do carro, e esses dois indivíduos, que abordaram um estudante no ponto de ônibus", disse o delegado, se referindo a um aluno que pensou que seria assaltado pela dupla. Com a divulgação das imagens, a polícia espera chegar à identidade dos dois suspeitos.
Felipe cursava Ciências Atuariais, tendo ingressado em 2007, segundo informações do site da FEA. O pai do estudante, o projetista Ocimar Florentino de Paiva, afirmou hoje que acredita que o filho tenha reagido a uma tentativa de assalto. "Acho que ele tentou fugir. Ele falava que não entregaria nada assim fácil. Então eu creio que ele tentou reagir. Eu falava para ele: 'já tive dois carros roubados, mas a gente consegue outro, batalhando. Agora, a vida só tem uma'. E ele foi vítima dessa violência de São Paulo", disse.
Ainda de acordo com o pai, o jovem havia sido assaltado duas vezes em ônibus e, por isso, comprou um carro blindado há pouco tempo. Ocimar disse também que havia alertado o filho sobre problemas de segurança na USP. "Tinha lido reportagens que falavam de sequestro-relâmpago na USP bem no estacionamento na FEA. Alertei ele que estava tendo muito sequestro lá. Ele disse que não tinha problema, pois o carro era blindado. Mas eu falei: 'você não é'. Só que ele realmente foi vítima. Era inocente, não tinha malícia de ficar olhando, se tinha alguém seguindo. Foi realmente uma pessoa inocente no assunto", afirmou.
Felipe foi enterrado na tarde de hoje em Caieiras, na Grande São Paulo. Cerca de 150 pessoas acompanharam a cerimônia, entre colegas e familiares da vítima. O diretor da Faculdade de Economia e Administração, Reinaldo Guerreiro, que esteve no cemitério, afirma que a comunidade não vai aceitar passivamente o que aconteceu. "A USP é hoje um ambiente praticamente público e as pessoas têm consciência de que as coisa vão mudar. A reitoria está atenta a tudo o que está acontecendo e já havia estudos sobre a mudança na segurança. Infelizmente, o que aconteceu vai agilizar o processo". Após o crime, a USP suspendeu as aulas no centro acadêmico da FEA nos períodos da manhã e da noite.