Em nota divulgada no início da noite desta quinta-feira, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) considerou como "processo de internacionalização do Grupo Pão de Açúcar" a fusão com a rede de supermercados Carrefour no Brasil. Para o banco de fomento estatal, que também irá participar do negócio por meio da subsidiária BNDES participações (BNDESPar), o pedido de financiamento, avaliado em cerca de 2 bilhões de euros, "se qualifica pelo alto potencial de criação de valor para todas as partes envolvidas".
O processo de internacionalização prevê a fusão das ações da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), do Grupo Pão de Açúcar, com as do braço brasileiro da rede varejista francesa Carrefour.
O anúncio da fusão foi feito no dia 28, na França, pelo Carrefour. O BNDES destacou, no comunicado, que caso a operação seja aprovada pelos órgãos de defesa da concorrência, "após rigorosa análise técnica e financeira", ocorrerá "por meio de instrumentos de mercado com expectativa de retorno atrativo para o banco".
Na avaliação do BNDES, trata-se de uma transação "de caráter não hostil", baseada em "rigorosos princípios de ética nos negócios".
O sócio estrangeiro do Pão de Açúcar na CBD, o também francês Casino, já externou posicionamento contrário à fusão. O Casino, parceiro do Grupo Pão de Açúcar desde 2005, é um dos principais concorrentes do Carrefour em diversos países do mundo.
Entenda O grupo francês Carrefour anunciou em 28 de junho ter recebido uma proposta de fusão de ativos no Brasil com os da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), do grupo Pão de Açúcar. A operação precisa ser aprovada pelos acionistas dentro dos próximos 60 dias. O BNDESPar e o BTG Pactual foram os parceiros escolhidos por Abílio Diniz para tentar concretizar a união, em uma complexa operação para não ferir acordo de acionistas.
Diniz e Pão de Açúcar estavam impedidos de negociar diretamente com o Carrefour sem o consentimento do grupo Casino, que detém 43% da rede brasileira, devido a cláusulas do acordo de acionistas firmado em 2006. De qualquer forma, a união entre Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil não sairá sem a aprovação do sócio francês. Pelos termos apresentados, a Gama e o BNDESPar formarão a Nova Pão de Açúcar (NPA). Após uma série de etapas, o Carrefour terá sua operação no Brasil incorporada pelo Pão de Açúcar.
A proposta envolvendo o Carrefour no Brasil surge depois que o Pão de Açúcar comprou nos últimos anos Ponto Frio e Casas Bahia, consolidando sua liderança no varejo do País. As duas aquisições ainda não passaram pelo crivo do órgão antitruste, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A proposta prevê que a aquisição das lojas do Carrefour no Brasil por meio da Gama, fundo de investimentos do BTG Pactual, vai ocorrer com investimento de 1,7 bilhão de euros do BNDESPar e de 300 milhões de euros pelo BTG Pactual, que também vai arcar com dívida de 500 milhões de euros da varejista francesa no Brasil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também estuda participar da sociedade, com cerca de R$ 4,5 bilhões.
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