O forte abalo que atingiu ontem(23) a província oriental de Van, no Leste da Turquia, pode ter causado a morte de até mil pessoas, segundo o responsável pelo instituto sismológico de Kandili, Mustafa Gedik. Ele participou de uma entrevista coletiva em Istambul, onde garantiu que este foi um “forte sismo” que “pode causar entre 500 e 1.000 mortos”.
O terremoto pode ter chegado aos 7,3 pontos na Escala Richter, de acordo com o instituto americano de geofísica USGS. As notícias que têm surgido do sismo que afetou o território turco, próximo da fronteira com o Irã, dão conta de um número não especificado de mortos, de acordo com o governo turco.
Na província de Van, cidade com 380 mil habitantes, as autoridades estão procurando pessoas que ficaram soterradas nos escombros dos edifícios que ruíram, de acordo com os órgãos de comunicação locais. Apesar dos danos, as autoridades locais garantem que o aeroporto civil continua operacional.
O epicentro do sismo foi registrado a 19 quilômetros a nordeste da província de Van, a uma profundidade de 7,2 quilômetros, de acordo com o instituto norte-americano. Um tremor dessa magnitude pode provocar danos expressivos, já que muitas casas foram construídas sem seguir normas estabelecidas, advertiram sismólogos nas redes de televisão.
A Turquia, que é atravessada por diversas falhas geológicas, principalmente no Leste e Noroeste, sofre constantemente com tremores de terra. Dois fortes abalos em regiões muito populosas e industrializadas no Noroeste da Turquia causaram 20 mil mortos, em agosto e novembro de 1999. Em 1970, um terremoto deixou mil mortos na província de Kütahya, no Noroeste.
O tremor, que derrubou dezenas de edifícios, aconteceu às 8h41 (de Brasília) na cidade de Tabanli, a cerca de 20 km de Van, a capital da província de mesmo nome, e marcou 7,2 graus de magnitude na escala Richter.
No entanto, analistas do Centro Sismográfico Kandilli da Universidade do Bósforo, em Istambul, advertiram que, por ter seu epicentro a apenas cinco km de profundidade, o efeito do sismo equivaleu ao de um de 8 ou 9 graus.
O professor Mustafa Erdik, diretor do Centro Kandilli, calculou que 4.000 edifícios foram danificados, 600 deles de forma irreversível, e que 50 prédios desabaram completamente.
"Calculamos que haverá entre 700 e mil mortos", disse Erdik.
Com essa pessimista previsão, os primeiros trabalhos de resgate das pessoas presas sob os escombros foram dificultados pela falta de equipamentos e pela dificuldade de chegar às áreas afetadas, devido à complicada geografia da região.
As primeiras informações sobre mortes confirmadas começaram a chegar no final da tarde em Ercis, a cidade que sofreu os maiores danos e onde já foram contabilizados 50 mortos, 200 feridos e um elevado número de pessoas sob os escombros.
Segundo o canal de televisão CNNTürk, uma enfermeira do hospital desta cidade de 75 mil habitantes declarou que cem corpos e mil pessoas feridas haviam sido transferidas ao hospital local e que a equipe não tinha condições de atender todas as vítimas. A agência de notícias IHA informou que há pelo menos "77 mortos e 500 feridos", enquanto a CNNTürk veiculava a notícia de 85 vítimas fatais.
No entanto, Bekir Kaya, prefeito de Van, falou ao canal HaberTürk que apenas em sua cidade foram registrados entre 50 e 60 mortos. O número real de vítimas real não será conhecido até segunda (24), de acordo com os especialistas. Em Van e Ercis, alguns dos edifícios totalmente destruídos eram hotéis e residências de estudantes, em cujos escombros os próprios moradores tentavam desesperadamente resgatar os sobreviventes.
A maior parte do território turco está em uma região de grande atividade sísmica. Em 1999, dois terremotos causaram a morte de mais de 20 mil pessoas no noroeste da Turquia. A província de Van é uma das zonas mais ativas, devido à presença da Falha de Ercis. Em 1941, um terremoto de 7 graus deixou 194 mortos; em 1946, outro sismo de 6 graus matou 839 pessoas e, em 1976, 3.840 pessoas morreram em um tremor de 7,4 graus.
