Parque Tortuguero une floresta e mar na Costa Rica

 

Turismo - 22/11/2011 - 21:46:19

 

Parque Tortuguero une floresta e mar na Costa Rica

 

Da Redação com EFE

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O ritmo da vida em Tortuguero é marcado pela água e pelos ciclos de vida da abundante flora e fauna do local

O ritmo da vida em Tortuguero é marcado pela água e pelos ciclos de vida da abundante flora e fauna do local

Para chegar ao Parque Nacional Tortuguero, no Caribe norte da Costa Rica, e ao pequeno povoado do mesmo nome, é necessário percorrer de lancha um labirinto de canais naturais que tecem, como em uma intrincada rede, caminhos para ligar a floresta tropical ao mar.

O som do motor se misturava com o de bandos de pássaros voando sobre o rio na busca da pesca cotidiana, enquanto Eddy Ranking, o guia, explicava que a pequena embarcação avançava sobre as águas do rio Reventazón-Parismina e faz um inventário da enorme biodiversidade que, com um pouco de sorte, é possível observar no caminho de uma hora e meia pelos pacíficos canais.

O guia e o condutor da lancha conheciam bem seu ofício: são capazes de ler o verde que rodeia tudo nesse lugar e de encontrar, em questão de segundos, exóticos animais como jacarés, crocodilos e outros répteis, aves multicoloridas de diversos tipos e até macacos, que fazem os turistas fazer cara de surpresa, abrir os olhos por trás de seus óculos escuros e disparar centenas de fotografias com suas modernas câmaras digitais.

A água como eixo da vida cotidiana
A vida de todos os habitantes de Tortuguero, humanos, animais e plantas, gira em torno da água de uma ou outra maneira.

"Trata-se de uma área protegida de 75 mil hectares de mar e pântanos inundados que são um importantíssimo remanescente de floresta tropical muito úmido, que abriga centenas de espécies e que é o destino de muitas migratórias", comentou a diretora do Parque, Elena Vargas.

Além disso, Tortuguero é a mais importante área de desova no Caribe ocidental para a tartaruga verde, um espécime marinho de grande tamanho pertencente à família dos quelonídeos, que se espalha pelos mares tropicais e subtropicais ao redor do mundo.

As areias mornas do Parque servem de ninho aos ovos de espécies em grave perigo de extinção como as tartarugas-baulas, também conhecidas como tartarugas-de-couro, que são as maiores de todas as viventes, pois chegam a alcançar até dois metros de comprimento e a pesar mais de 600 quilos.

Também desovam no local outra tartaruga em perigo: a tartaruga-marinha, é uma espécie da família dos quelonídeos que tem um corpo chato e suas extremidades em forma de barbatanas adaptadas para nadar em mar aberto.

Junto do Parque Nacional fica o povoado de mesmo nome, sobre uma língua de terra de não mais que 700 metros de largura, por cerca de cinco ou seis quilômetros de comprimento.

Um par de esculturas de pássaros enormes, localizadas em frente ao desembarcadouro principal, dão as boas-vindas para locais e estrangeiros a esta particular comunidade.

De um lado rebentam as ondas inquietas do Caribe e a outra margem é acariciada pelas águas do rio; no meio se levantam casinhas multicolores, fiéis ao estilo caribenho. Uma escola, um salão de baile, uma pequena praça, lojas de lembranças para os visitantes e até um centro de tratamento de resíduos.

Tudo o que se consome no povoado de Tortuguero, desde os alimentos até os materiais de construção e de higiene chega em lanchas; inclusive o lixo é retirado do povoado da mesma maneira.

A única fonte de renda constante para os aproximadamente mil habitantes desta comunidade é o turismo. Atividades como tours pelos canais, pesca esportiva, venda de artesanato e de comida típica dão emprego às famílias que, antes da criação do Parque, em 1975, se dedicavam à pesca artesanal ou à extração de madeira.

Para Eddy, que nasceu e cresceu neste lugar e provém de uma família "madeireira", o estabelecimento do Parque Nacional foi mais do que positivo para Tortuguero, pois significou não só a criação de novos empregos, mas uma guinada no tipo de atividade na região e, sobretudo, uma maior consciência entre os aldeões em relação à importância de conservar os valiosos recursos naturais do local.

"O Parque mudou a vida das pessoas, sem ele seríamos um povo criador de gado que viveria do desmatamento", assegurou.

Na alta temporada de pesca esportiva, ou seja, entre novembro e março, Tortuguero recebe uma população flutuante de entre 200 e 300 pessoas que se hospedam nos poucos hotéis da região e empregam os locais e suas lanchas.

De tartarugas, onças e muito mais
Além da beleza dos canais e da abundância de peixes em suas águas, Tortuguero é um ímã que atrai cerca de 140 mil turistas por ano devido à possibilidade que oferece de presenciar a desova de tartarugas-marinhas.

Ao longo de praticamente todo o ano, quatro espécies invadem o tranquilo litoral do parque para depositar seus ovos, de modo que os visitantes, sempre sob a supervisão dos guardas, têm a oportunidade de entrar na escuridão de uma praia sem uma só luz artificial e presenciar o espetáculo natural.

Elena, a diretora do Parque, detalhou que os visitantes formam grupos de 20 pessoas enquanto os guardas e alguns voluntários patrulham a praia na busca das visitantes noturnas.

Quando uma tartaruga sai da água e começa a cavar seu ninho, os turistas são conduzidos em silêncio até o local, onde, com a ajuda de luzes especiais, observam por alguns minutos a desova e depois, talvez, poderão ver o enorme quelônio voltar ao mar com seu andar lento, mas constante.

Mas Tortuguero abriga muitos outros hóspedes: até agora, os cientistas identificaram 400 espécies de árvores e mais de 2.200 espécies de outras plantas.

Também é o lar de vários mamíferos em perigo de extinção como a onça, o maior felino das Américas; a jaguatirica, outro felino menor; a anta; o peixe-boi; o golfinho; a preguiça; o quati e três espécies de macacos, entre outros.

Além disso, há 405 espécies de aves, aproximadamente a metade das que há em toda Costa Rica e mais das que podem encontrar-se, por exemplo, em todo o território europeu, e esta enorme diversidade se repete em anfíbios, répteis e insetos.

Com apenas 25 anos, Elena é a cabeça de uma equipe de 22 guardas-florestais que têm a seu cargo a proteção desta joia natural. Ela reconhece que seu trabalho não é fácil, mas que a satisfação de colaborar na conservação desta região única é maior que as limitações cotidianas que enfrentam.

No final do dia, se não chove, como é a norma em Tortuguero, o sol se põe e o céu se tinge de tons vermelhos e laranjas atrás das esculturas de pássaros que dão personalidade ao povoado. As lanchas sulcam o rio com os aldeões retornando a seus lares; os hotéis recebem seus hóspedes após uma jornada de pesca ou de passeios em bote.

Enquanto isso, na sede do Parque, os funcionários se aprontam para sua jornada noturna de trabalho em um local onde o ritmo da vida é marcado pelo vaivém das ondas, a corrente do rio e o barulho das tartarugas em seu eterno ritual de criação de vida, e onde os semáforos, as buzinas e o barulho da cidade não tem vez.

O ritmo da vida em Tortuguero é marcado pela água e pelos ciclos de vida da abundante flora e fauna do local

O ritmo da vida em Tortuguero é marcado pela água e pelos ciclos de vida da abundante flora e fauna do local

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