Com alcance estimado em 20 milhões de leitores por dia, representantes de 380 jornais diários do interior do Brasil estão discutindo formas de integrar conteúdos, a fim de ampliar as ações editoriais conjuntas e aumentar ainda mais a visibilidade que têm. Ciente do alcance desses veículos, integrantes da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) apresentaram hoje (7), durante o 1º Congresso dos Diários do Interior do Brasil, os produtos e serviços destinados a ajudar essas mídias na cobertura de temas que envolvem o governo federal.
“O governo acredita na força da mídia regional, por ela falar diretamente ao leitor. Não são jornaizinhos ou televisõezinhas. Acreditamos serem essas, verdadeiramente, as mídias fortes do Brasil, porque são as que falam [mais diretamente] com os leitores, e por serem elas a quem o leitor recorre pela manhã”, disse a diretora do Departamento de Relações com a Imprensa Regional da Secom, Patrícia Linden.
Patrícia apresentou a cerca de 200 editores e representantes de jornais diários do interior brasileiro os produtos desenvolvidos pela Secom – e produzidos pela EBC Serviços – com o objetivo de ajudá-los a informar a população sobre as ações governamentais. Entre eles, os programas Entrevista da Presidenta e Bom Dia, Ministro; a coluna Conversa com a Presidenta; o Brasil em Pauta, além de coletivas de imprensa, boletins informativos e divulgações de agenda.
Segundo o diretor de Mídia da Secom, Fabrício Gonçalves Costa, entre os objetivos relativos à publicidade do governo federal estão a diversificação e a desconcentração dos investimentos na mídia, de forma a valorizar os veículos regionais e fomentar a profissionalização dos mercados locais.
“Em 2003, tínhamos cadastrados apenas 499 veículos em 2.733 municípios. Em 2010 já tínhamos catalogado 8.094 veículos em 2.733 municípios. Agora, em 2011, o número de veículos jornalísticos cadastrados chegou a 8.435”, disse Costa.
De acordo com a Associação dos Diários do Interior (ADI), os 380 jornais diários do interior do Brasil são responsáveis pela produção de 4 milhões de exemplares por dia, com alcance aproximado de 20 milhões leitores.
Diretor executivo da ADI Brasil, Adriano Kalil explica que entre 1,5% e 3% do faturamento anual desses veículos têm origem em verbas governamentais. “É muito claro que vivemos da nossa região, das nossas abrangências e da situação econômica das nossas localidades. Nossa região é nosso mercado de sobrevivência”, disse.
“Não existem jornais de circulação nacional. Existem os de influência nacional”, afirmou Kalil. Segundo ele, dos 380 jornais diários do interior, 117 estão ligados à Central de Notícias Regionais, entidade que encabeça a integração dos diários regionais brasileiros. Incluindo os que não são diários, o número sobe para 1,9 mil.
Segundo o diretor da ADI, assim como o Produto Interno Bruto (PIB) do interior ultrapassou o das capitais, a imprensa do interior, unida, é maior do que a das grandes cidades, em especial a escrita e a radiofônica. “Juntos somos mais fortes [do que a grande mídia], mas precisamos ampliar a presença de nossos veículos fora de nossas fronteiras”, ressaltou.
“Por isso, temos como objetivo principal desse congresso o de conscientizar os diários do interior sobre a sua importância, que pode ser ampliada com ações editoriais conjuntas, de forma a aumentar nossa visibilidade”, completou.
Mídia: a importância da comunicação regional, por André Vargas">Mídia: a importância da comunicação regional, por André Vargas
"Os grandes veículos, não só jornais, não atendem o direito da população que é o da informação", declarou o secretário nacional de comunicação do PT e deputado federal André Vargas (PT-PR) ao tomar posse do seu segundo mandato na presidência da Frente Parlamentar pelo Fortalecimento da Mídia Regional. A solenidade de posse aconteceu no I Congresso dos Diários do Interior do Brasil realizado em Brasília.
No discurso da posse, André Vargas afirmou que as posições dos grandes jornais não compreendem o tipo de país que está se construindo no Brasil. Para ele, a grande imprensa está deslocada da grande maioria da população brasileira.
"Entendemos que todos tenham direito à vida, saúde, à habitação, educação pública e de qualidade e também o direito à informação, que viabiliza os demais direitos. Por isso, nós procuramos cumprir enquanto Frente Parlamentar, além dos direitos que os diários também procuram cumprir, que é garantir o direito de cidadania".
De acordo com Vargas o direito a informação é essencial para fortalecer a democracia brasileira e para garantir o direito à cidadania. O deputado assegura que a informação de qualidade só será possível, não através de um órgão julgador, mas com a democratização do conteúdo e das verbas publicitárias. "É possível melhorar a qualidade do que se produz garantindo as verbas necessárias", e acrescenta: Esse congresso (de diários de interior) faz o debate sobre o que é essencial para o Brasil, para que o Governo; que tem vontade política, que possa desenvolver suas políticas e o gestor possa de fato democratizar, disse André Vargas.
O deputado destacou que o ex-chefe da Secretária de Comunicação (Franklin Martins), avançou na proposta de democratização, mas de acordo com ele, a Frente Parlamentar tem uma função importante que é a de cobrar, e os diários, segundo ele, estão contribuindo com o debate.
"Temos alguns vazios, que precisam ser discutido que é a regionalização das agências que tende ser algo importante. Temos outros debates, que é o papel da imprensa no Brasil, e a questão tributária, que é preciso discutir o preço e o fornecimento de papel para os veículos, para que todos tenham acesso, pois os grandes jornais como compram em grande quantidade e acabam favorecidos".
O deputado petista ainda recordou em seu discurso a crise econômica em 2008, onde segundo ele, teve a satisfação e a oportunidade de avaliar como os grandes veículos e os diários do interior abordaram a questão. Na opinião do secretário nacional de Comunicação do PT, o Brasil se sustentou na crise pela forte injeção de crédito na economia, e com a mudança de postura do governo que apostou na inclusão das classes populares.
"Devemos isso também à forma de abordagem dos diários do interior, pois apostaram na abordagem do potencial de sua região, do que acontece de bom em cada região. Isso faz a sinergia desse país, é o país real que está sendo retratado".
E para concluir, Vargas explicou que relatou quatro medidas provisórias por consenso no Congresso Nacional, e que de acordo com ele, foram projetos que injetaram dinheiro em todo o país, e que não foram divulgados pela impressa devido o fato de não ter ocorrido polêmicas, pois à capacidade do parlamentar trabalhar em consenso não motiva a noticiabilidade. As medidas provisórias foram: ProJovem; Minha Casa, Minha Vida 1; Minha Casa, Minha Vida 2; e a Regularização Fundiária em Terrenos da União.
"Se tivesse havido polêmica, certamente seria capa dos principais jornais, mas como consegui trabalhar em consenso, não houve destaque, e foram projetos que injetaram dinheiro em todo o país. Então isso mostra que estamos no caminho certo, agradeço a todos os veículos, aos colegas parlamentares, a Yole Mendonça que está dando seqüência ao trabalho iniciado, e fazendo as adequações necessárias para que de fato as coisas possam acontecer".