O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu as críticas às reformas que motivaram um protesto de servidores públicos do Rio Grande do Sul em sua chegada à 11ª Feira Nacional do Doce (Fenadoce), em Pelotas. "Eu sabia que não iria contentar todo mundo", disse o presidente em discurso dentro do evento. "Não quero unanimidade, mas bom senso, nas discussões sobre as reformas".
Quanto à reforma da Previdência, Lula disse que não quer prejudicar "o intelectual", mas aproveitar seu potencial para trabalhar até os 60 anos. Lula questionou o fato de, hoje, um cortador de cana trabalhar até os 60 anos para se aposentar, enquanto professores ou procuradores estaduais chegam a se aposentar "com 53 ou 47 anos". "Nós somos iguais, e sempre há espaço e fóruns para discutir as coisas, mas eu não posso aceitar que alguém se aposente com 17 mil reais por mês", encerrou o presidente.
Em resposta às vaias dos manifestantes, que empunhavam cartazes contra a Reforma da Previdência, Lula relembrou sua história política. "Sabe quando tomei a maior vaia da minha vida?", indagou Lula. "Quando eu fui fundar a CUT. Depois, quando fui fundar o PT. Estou vacinado porque sei que vou enfrentar muitas coisas neste país. Com a maior tranqüilidade. Queremos este país crescendo".
Em um discurso no qual quebrou mais uma vez o protocolo, tirando o microfone do púlpito e dirigindo-se para a frente do palanque, onde ficou mais próximo do público, Lula reafirmou que o governo quer baixar os juros. E fez uma defesa período inicial de seu governo. "Passamos seis meses arrumando a casa, agora é hora de começar a mostrar as mudanças que o país vai ter. O primeiro ano é sempre o mais difícil porque foi planejado por outra pessoa, não em sua ótica. Eu prefiro dizer a verdade dura para o meu povo do que fazer o que a classe política faz: mentir descaradamente sabendo que não pode fazer o que está prometendo".
"Vamos reativar a economia com os passos certos", prometeu Lula. "Sabemos o que tem que acontecer neste país, e vai acontecer".
O presidente disse que, depois das reformas previdenciária e tributária, fará a reforma da estrutura sindical, para acabar com que denominou peleguismo. E a reforma política para acabar com as mudanças repetidas de partido por um mesmo político. Todos esses passos, afirmou serão dados "sempre com muita tranqüilidade. Todo mundo vai ter o direito de sentar na mesa e dizer o que pensa. Este país vai voltar a ser motivo de orgulho para todos nós".
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