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De imediato, diante de uma pergunta evidente como esta, responderia que estou ensinando para que meus alunos aprendam e, melhor ainda, poderia responder: para atender as necessidades destes alunos, fazendo-os cidadãos conscientes, críticos e participativos.
Esta é a resposta com a qual nos acostumamos e que elegemos ser a mais conveniente. Tão bem, ainda poderia responder: ensino porque estou comprometida com a produção/reprodução de conhecimento. O professor ensina porque é a sua função na sociedade, porque recebe salário para isto e porque foi a profissão que escolheu.
Deveras, para que estamos ensinando? Esta é a pergunta que deveríamos fazer cada vez que pisamos numa sala de aula, caso contrário, quanto mais nos iludimos pensando que estamos ensinando, menos nossos alunos estão aprendendo. Aliás, para que os alunos estão estudando?
De modo geral, confiamos que encontraremos a solução dos problemas da sociedade se investirmos na melhoria da educação. Assim, atribuímos à escola e ao professor esta responsabilidade.
É interessante perceber a admiração de alguém que pergunta-nos qual é a nossa profissão e respondemos: sou professor(a). Não sei se ecoa mal ou bem, mas tenho a impressão de que as pessoas não nos vêem como alguém normal. Pensam que passamos a vida inteira estudando (é verdade), que somos metidos a saber tudo e que só agüentamos todos os percalços porque somos dotados de uma vocação especial. Assim, é comum ouvir: o professor só trabalha, mesmo, por gostar do que faz.
Os outros profissionais, que aprenderam suas profissões graças ao incentivo e exemplo de seus professores, trabalham, sim, para ganhar dinheiro; obter lucro; auferir renda. Não obstante, porque também gostam das profissões que escolheram. Então, encontramos a resposta, é para isto que estamos ensinando.
Certamente, todo professor, assim como eu, sentirá um certo incômodo quando lhe perguntarem para que ele está ensinando. Cada vez mais, estamos diante de alunos que não aceitam o sistema de ensino que nossa sociedade quer impor. Deparamo-nos com jovens revoltados com a tarefa de decorar conceitos e definições para passar no vestibular, com o apoio dos pais que estão investindo alto para o sucesso de seus filhos e, finalmente, com a cobrança de eficiência e de capacitação do disputado mercado de trabalho.
Ao invés de pensarmos que ensinar é dever do professor, deveríamos dizer: aprender é um direito de todos! Não é o professor que ensina, pois o aluno aprende através de suas oportunidades e experiências de vida. Que maravilha será o dia em que todas as pessoas aprenderão a aprender e, então, não precisaremos de alguém que ensine. Assim, só sou professora porque alimento esta utopia.
(*) Diane Belusso é licenciada em Geografia - Unioeste 2002 (dianebelusso@bol.com.br)
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