Por mais que se empenhe esforços, só é possível colher resultados positivos nas políticas públicas voltadas para o segmento materno-infantil quando há integração multidisciplinar. Essa é das mais contudentes lições que extraímos da nossa experiência nesses seis últimos anos.
A rigor, o peso das ações integradas costuma garantir os bons resultados de um variado leque de ações governamentais, mas no caso do atendimento à maternidade e à infância, a integração de esforços assume feição particularmente essencial.
É com esse enfoque que sai do papel o projeto Núcleo Integrado de Apoio à Criança e à Família, que tem por objeto o desenvolvimento infantil associado ao atendimento em creches.
O projeto, que prevê a criação de duas mil novas vagas em creches até 2004 - sendo aproximadamente 1,2 mil até agosto deste ano - em 35 unidades, revoluciona o conceito de creche. Esse espaço não pode mais continuar sendo encarado como um mero local onde as mães que trabalham fora de casa deixam suas crianças.
Por ser um ambiente de permanência e de convivência nessa fase tão especial da formação da personalidade, é preciso que a creche seja um local de crescimento no qual se possa promover a educação adequada à faixa etária (0 a 4 anos), atividades voltadas para a socialização e, porque não dizer, estimular a formação da cidadania, já nessa tenra fase da vida.
É nessa perspectiva que surge o trabalho multidisciplinar, unindo os profissionais das Secretarias de Saúde, de Educação e de Desenvolvimento Social e Cidadania, que buscarão a parceria das entidades assistenciais legalmente constituídas. Essas entidades receberão um repasse per capita para que possam exercer a sua gestão.
Ao mesmo tempo em que centraliza o polo irradiador das ações, o modelo democratiza, na sua base, a execução do projeto. A centralização potencializa a eficiência. A gestão compartilhada democratiza a execução. Essa concepção - ao mesmo tempo centralista e democrática - vem permeando os nossos melhores projetos, aqueles que realmente produziram frutos.
Foi assim com as escolas municipais, que hoje são modelo para todo o Estado de São Paulo. Foi assim com os projetos de urbanização das áreas de proteção aos mananciais, premiados nacional e internacionalmente. Será assim com as novas creches, porque acreditamos que só a participação popular legitima a ação de governo.
(*) William Dib é prefeito de São Bernardo do Campo
|