Marina Silva (PSB), terceira colocada na disputa presidencial, decidiu-se por apoiar Aécio Neves no 2.º turno da eleição presidencial.
A candidata do PSB (REDE) quer, porém, que o tucano inclua em seu programa de governo causas defendidas por ela nas áreas educacionais e de meio ambiente que não estão em total convergência com seu programa divulgado durante a campanha (veja abaixo). A ideia de Marina é fazer o anúncio de um "acordo programático" até quinta-feira, 9. Esse apoio seria costurado a partir de itens convergentes nos programas dos dois, como o fim da reeleição e a reforma tributária.
A dúvida seria de como ocorreria a forma de apoio, ou seja, se Marina faria a adesão à campanha de Aécio como representante do PSB ou como líder da Rede de Sustentabilidade.
De acordo com a própria Marina, ela não quer condicionar sua decisão a cargos, o que definiria como "velha política". O caminho da "nova política" é pedir um compromisso formal de pontos do programa de governo anunciado pelo PSB em agosto. O discurso é semelhante ao adotado um ano atrás, quando Marina se filiou ao PSB de Campos, e meses depois, ao anunciar ser vice na chapa então encabeçada pelo ex-governador e que, posteriormente reforçou ao se tornar candidata à presidência após o acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos.
Aécio e Marina têm propostas em comum para apoio no 2º turno
Reforma política, escolas em tempo integral e políticas de sustentabilidade, temas defendidos por Marina Silva (PSB) durante sua campanha à Presidência, não devem impedir um eventual apoio ao candidato do PSDB, Aécio Neves, que disputará o segundo turno com a candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT).
De acordo com o programa de governo de Marina, se eleita, seu governo iria propor o fim da reeleição e a adoção de mandato de cinco anos. Aécio Neves também defende o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos e a adoção de mandatos de cinco anos, inclusive para o Legislativo.
Os dois também são a favor de unificar o calendário eleitoral realizando eleições municipais, estaduais e nacionais no mesmo ano.
No caso da educação integral, Marina propõe priorizar a implementação desse tipo de currículo escolar na Educação Básica. Em seu programa de governo, diz que é necessário “investir na infraestrutura das escolas e na construção de novas unidades, já que muitas não têm condições físicas suficientes e adequadas para acomodar educação integral, priorizando a construção e a gestão de escolas sustentáveis.”
O programa de governo de Aécio Neves não menciona detalhes sobre o assunto, mas prevê a implantação da escola de tempo integral no País.
Também há convergências entre os programas de governo dos dois quanto à sustentabilidade, tema amplamente defendido por Marina Silva, principalmente nas eleições de 2010. Ambos falam sobre fortalecer o desenvolvimento sustentável do País.
Marina cita que “para acelerar o crescimento sustentável, teremos de restaurar a estabilidade econômica”. Entre as medidas, a campanha do PSB defendia reduzir o consumo de combustíveis fósseis e precificar as emissões de C02 no setor energético.
O programa do PSDB defende a transição para uma economia de baixo carbono, “a fim de enfrentar o aquecimento global e realizar a extinção dos ‘lixões’, promovendo o reaproveitamento e a reciclagem em parceria com Estados e municípios.”
Aécio também propõe a estabilização de uma matriz energética que contempla várias fontes de energia, com baixo impacto ambiental. Entre elas, a ampliação de energia solar e eólica no sistema de energia do País.