Joaquim Levy, futuro ministro da Fazenda, fez duras críticas à atual política econômica conduzida pela presidente Dilma Rousseff, em recente entrevista publicada na internet.
Chama a atenção na entrevista de Levy o paralelo que faz entre a situação atual do Brasil e o estado da economia dos EUA em 2008, quando eclodiu uma forte crise mundial.
Segundo ele, a crise financeira-bancária que eclodiu nos EUA, em 2008, foi decorrência da decisão do “governo Bush de sustentação do crescimento baseada em desonerações tributárias e expansão do crédito garantida pelo Tesouro americano”. E também porque George W. Bush “fechou os olhos ao aumento de alavancagem geral para manter o desemprego baixo”. Conclui Levy: “O coquetel se completava com o corte de impostos para agradar parcelas chaves do eleitorado e algum protecionismo”.
Guardadas algumas proporções, os erros de George W. Bush foram em grande parte repetidos no Brasil nos últimos anos pela política econômica adotada por Dilma Rousseff.
O mais recente fato, que comprova a repetição desses erros, é a aprovação da Medida Provisória 656/2014, uma 'colcha de retalhos' tributária, que prevê, dentre outras coisas: um novo modelo de tributação para o setor de bebidas; a renegociação das dívidas dos clubes de futebol (aproximadamente R$ 3,7 bilhões), sem qualquer contrapartida de melhoria de gestão e de transparência: novos procedimentos burocráticos em favor de cartórios, como a exigência de mais uma certidão para a lavratura do contrato de compra e venda de imóveis; mudanças no setor elétrico; desoneração da folha de pagamentos para diversos setores, como audiovisual, balas e chocolates, café solúvel, serraria e madeira e material gráfico - uma renúncia de cerca de R$ 4,5 bilhões.
Para nós, resta esperar para ver se prevalecerá o bom senso do futuro ministro ou os interesses econômicos e políticos.
* Sales Sousa - Jusbrasil - São Gonçalo (RJ)