Dois baleados e presos. Após uma semana de investigações, um cerco e um tiroteio, a polícia deteve dois dos acusados de matar o fotógrafo Luís Antônio da Costa em uma favela no Ferrazópolis, em São Bernardo do Campo, próximo ao terreno invadido. O crime ocorreu no dia 23 na frente da entrada do terreno da Volkswagen invadido por 6 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). O terceiro acusado ainda estava foragido até o fechamento dessa edição.
Estão detidos o homem que aparecia nas fotografias vestindo roupa cáqui, portando um revólver prateado, e outro que estava encostado em um Gol com as mãos cruzadas que portava um revolver escuro. O primeiro é Alexandre Silvério, 25 anos, conhecido como Nego Shell, e o segundo, Renato Santos Lira, o Bahia, 23. Ambos reagiram à prisão. Nego Shell foi baleado no rosto e seu estado de saúde era grave. Bahia, que confessou ter atirado e matado o fotógrafo, levou um tiro nas nádegas e se entregou. Ele disse que eles acharam que La Costa tinha fotografado o grupo assaltando o posto de gasolina na frente do terreno. Contrariando depoimento de 11 testemunhas, Bahia disse que pediu a câmera ao fotógrafo e a arma disparou acidentalmente.
De acordo com o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Marco Antonio de Paula dos Santos, o crime está esclarecido. Faltaria apenas a prisão de um terceiro criminoso, sobre o qual a polícia já tem pistas.
O secretário Estadual de Segurança Pública, Saulo Abreu, quer saber se os bandidos acusados de matar o fotógrafo Luis Antonio da Costa são integrantes do grupo de sem-teto acampado em São Bernardo do Campo.
“Depois de um roubo a tendência do ladrão é fugir para um local onde não tenha pessoas, (mas ele) vai (foi) exatamente onde há um aglomerado, inclusive de jornalistas. Comete o segundo crime, o homicídio, e corre exatamente para dentro do acampamento com milhares de pessoas, onde alguém poderia interceptá-lo, reconhecê-lo. É inusitado. Estamos investigando e vamos esclarecer tudo, se eram ou não pessoas do acampamento. Mas o fato é que avançamos muito, na medida que já temos os autores do crime nas mãos”, afirmou Saulo Abreu, secretário Estadula de Segurança.
PREVENÇÃO – Para evitar invasões, proprietários de terrenos em São Bernardo do Campo estão procurando a Justiça. Ontem uma oficial de Justiça da 4ª Vara Cível da cidade foi ao acampamento da Volkswagem para entregar uma citação de interdito proibitório. A medida é preventiva e impede que, no caso de reintegração de posse, os sem-teto do MTST ocupem outro terreno.
A ação prevê multa de R$ 5 mil por dia no caso de invasão. Segundo a advogada do MTST, Eliana Ferreira, líderes do movimento devem ir hoje ao fórum para serem oficialmente notificados. A advogada afirmou que o movimento não tem a intenção de ocupar o terreno. O local não pertence à Volks.
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