Após depoimento a Moro, Cardozo diz que 'Caixa 2' é prática histórica no país
Da Redação com Abr
Foto(s): Reprodução
Depoimento de José Cardozo ao juiz Sérgio Moro
Após depoimento perante o juiz Sérgio Moro, que durou cerca de 20 minutos, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse que a prática de caixa 2 em campanhas eleitorais “é histórica e recorrente, fruto de um sistema político anacrônico”, e acrescentou que a prática não está necessariamente associada a ato de corrupção ou lavagem de dinheiro.
Também foi ouvido hoje, por videoconferência, no Fórum Criminal de São Paulo, o empresário Emílio Odebrecht, dono do grupo Odebrecht e pai do ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht – condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por participação no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Trata-se do primeiro depoimento do empresário ao juiz Sérgio Moro.
Ao deixar o fórum, José Eduardo Cardozo disse que, apesar de ilegal, a prática de caixa 2 “nem sempre agasalha a corrupção”. O ex-ministro disse que a empresa doa o dinheir,o e o beneficiário processa como caixa 2 muitas vezes sem saber a origem dos recursos.
Assista no final da matéria o depoimento de Cardozo, ex-ministro de Dilma, ao juiz Sérgio Moro em 13/03/2017
Ele relatou ter respondido a perguntas do advogado de defesa de Palocci e também feito esclarecimentos solicitados pelo juiz Moro. Mas se eximiu de dar detalhes sobre o teor das indagações, lembrando que o processo corre sob sigilo e que, caso quebrasse essa exigência, poderia correr o risco de entrar no fórum como testemunha e sair como réu.
Questionado se tinha conhecimento de ilegalidades na campanha de 2014, o ex-ministro afirmou que, apesar de não ter participado, pode testemunhar que a ex-presidente Dilma Rouseff tinha uma postura rígida contra o recebimento de dinheiro ilegal.
Palocci
O advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, saiu satisfeito da audiência. “Nada se provou que incriminasse o Palocci”, disse o advogado, apesar de citar que um ou dois depoentes teriam declarado já ter ouvido “dizer que era o Palocci, o italiano”. Italiano é o codinome que consta de uma planilha de propinas da empreiteira.
Entre os depoimentos que considerou favoráveis a seu cliente, Batochio destacou o do empresário Emílio Odebrecht: “ele foi muito claro em dizer que jamais ouviu dizer que o italiano fosse o Palocci”.
Palocci foi preso em setembro do ano passado, durante a 35ª fase da Operação Lava Jato, a Omertá. Para Batochio, a prisão é “arbitrária e abusiva”. Ele afirma que “não tem sentido manter preso um homem enquanto se apura se ele é, ou não é, culpado por alguma coisa e quando a instrução do processo pelas testemunhas mostra que ele não participou de nenhuma irregularidade”, afirmou Batochio.
Emílio Odebrecht e José Eduardo Cardozo prestam depoimento a Sérgio Moro
Emílio Odebrecht, pai do empresário Marcelo Odebrecht, prestou depoimento hoje (13) pela manhã ao juíz Sérgio Moro.
Emílio Odebrecht é testemunha de defesa do filho no processo que investiga o possível pagamento de vantagens indevidas ao ex-ministro Antonio Palocci por parte da empreiteira para fechar contratos com a Petrobras.
Marcelo Odebrecht e Antonio Palocci estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e, juntamente com outras 13 pessoas, são réus nessa ação.
Pela manhã, foram ouvidas outras testemunhas nesse processo, entre elas o ex-ministro José Eduardo Cardozo.