Juros menores e o avanço na reforma da Previdência ajudaram a Bovespa a encerrar agosto no topo da lista das aplicações mais rentáveis.
Depois de patinar no início do mês, o índice das principais ações protagonizou o ciclo mais longo de alta em seis anos: 11 pregões seguidos de valorização. Esse desempenho construiu a base para o Ibovespa atingir o melhor nível desde 2001 e acumular ganhos de 11,8 por cento em agosto.
Na segunda posição do ranking apareceu o ouro, seguido pelo C-Bond e pelo CDI, que serve de referência para aplicações em fundos de renda fixa. O dólar acabou no fim da lista, com discreta alta de 0,44 por cento frente ao real.
"A bolsa antecipou uma série de movimentos do cenário político e econômico do país. Melhor do que a bolsa ter subido, só o volume que cresceu também", avalia Milton Luiz Milioni, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) em São Paulo.
O giro médio diário da Bovespa foi superior a 800 milhões de reais --bem acima da média de julho, de 573 milhões de reais.
Milione se diz "relativamente otimista" sobre os próximos passos da Bovespa. Para ele, é preciso sinais de crescimento econômico e a solução de questões regulatórias.
No ano, o Ibovespa tem alta de 34,7 por cento e quase empata com a valorização acumulada pelo C-Bond --o principal papel da dívida externa do país, que passou por forte correção após a tensão pré-eleitoral de 2002.
Os bônus já subiram cerca de 37 por cento desde janeiro. No mês, o C-Bond avançou pouco mais de 4 por cento e no final desta tarde era cotado a 90,25 por cento do valor de face.
A aprovação da reforma previdenciária em primeiro turno na Câmara e o surpreendente corte de 2,5 pontos percentuais do juro básico, para 22 por cento ao ano, injetaram ânimo no mercado. Investidores esperam agora que a economia se recupere, após a contração de 1,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre frente ao primeiro.
O Banco de Tokyo-Mitsubishi acredita que a inflação deve permanecer contida e, assim, permitirá mais redução do juro "e consequentemente o aquecimento da atividade econômica". Em relatório divulgado nesta sexta-feira, o banco também salienta que a aprovação da reforma da Previdência foi mais rápida que o esperado inicialmente.
DIANTEIRA NA AMÉRICA LATINA
O cenário político-econômico abriu espaço para que a Bovespa se destacasse entre as demais bolsas da região. Estudo da Economática mostra que em agosto, até o pregão anterior, o Ibovespa acumulava rentabilidade de 11,5 por cento em dólar.
A performance em moeda norte-americana coloca a bolsa paulista à frente do IPSA do Chile, com 4,8 por cento, do índice Bursátil da Venezuela, com 2,3 por cento, do índice de Preços e Cotações mexicano, com baixa de 1,2 por cento, e do Merval, da bolsa argentina, com recuo de 6,6 por cento.
O dólar subiu levemente neste mês diante do real, embora ainda tenha baixa de 15,9 por cento em 2003. O ouro subiu 6,4 por cento em agosto, mas o ativo --negociado na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F)-- costuma ter pouca liquidez.
O CDI acumulou alta de 1,76 por cento no mês, enquanto a inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) foi de 0,38 por cento no período.
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