O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, demitiu nesta terça-feira o presidente do Incra, Marcelo Resende. Em seu lugar, foi indicado o economista e assessor da liderança do governo no Senado, Rolf Hackbart.
"Faz parte de ajustes da gestão pública. Não há nada que desabone o trabalho produzido pela atual presidência", disse Rossetto a jornalistas, ao anunciar a substituição de Marcelo Resende da presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
O ministro admitiu que está fazendo mudanças na gestão do Incra, mas negou que tenha havido desentendimentos com Resende.
Rolf Hackbart, que deve assumir o cargo ainda nesta semana, ressaltou que segue a mesma linha de reforma agrária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O governo defende que se dê não apenas terra para as famílias, mas também infra-estrutura.
"Eu fui convidado para assumir esta tarefa pelo ministro Rossetto por determinação também do presidente da República", afirmou o novo presidente.
Hackbart garantiu que as chefias das superintendências estaduais do Incra serão mantidas e que não haverá mudanças no bom relacionamento com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
O MST, que em princípio não se opõe a Hackbart, promete se pronunciar oficialmente sobre o novo presidente do órgão na quarta-feira, após entrevista de Resende no mesmo dia.
Para Hackbart, o Incra precisa ser fortalecido para se tornar mais eficiente, mas ressalta que não dá para fazer reforma agrária com poucos recursos. Segundo ele, "a reforma agrária não é um apêndice, não é uma mera política social".
"Todo projeto de reforma agrária necessita de recursos. Alguém tem que financiar a reforma agrária", declarou.
O governo promete assentar 60 mil famílias de sem-terra neste ano, a metade do defendido pelo MST.
Hackbart, de 45 anos, é formado em Ciências Econômicas pela Universidade do Rio Grande do Sul e desde fevereiro era assessor do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Ele assessorou a bancada de deputados petistas na Câmara entre 1991 e 2000, em temas agrícolas e agrários.
REAÇÃO
Quando Rossetto indicou Marcelo Resende para a presidência do Incra, a nomeação foi bem aceita por integrantes dos principais movimentos sociais e por instituições ligadas ao tema agrário, como o MST. Por isso, a saída de Marcelo Resende gera descontentamentos.
Segundo a secretária de Política Agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Maria da Graça Amorim, a saída de Resende é "inoportuna" e pode atrapalhar o andamento da reforma agrária no país.
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