Moradores dos condomínios localizados na Avenida Dom Jaime de Barros Câmara, no bairro Planalto e do entorno fizeram uma manifestação contra a decisão do Tribunal de Justiça, que suspendeu a liminar de reintegração de posse do terreno ocupado pelo MTST, em São Bernardo. A decisão possibilita a manutenção do acampamento montado há quase duas semanas que pertence à MZM Incorporadora. Mais de 2 mil pessoas participaram da manifestação, segundo os organizadores.
Batizado de Movimento Contra a Invasão (MCI), o protesto conta com o apoio dos quase 10 mil moradores de 10 condomínios localizados na via. “Com a decisão equivocada da Justiça, entendemos que tínhamos de mostrar a nossa contrariedade. Ficamos muito felizes com a adesão dos moradores”, afirmou Marcelo Mendes Vicente, líder do movimento e síndico de um dos condomínios.
Para Vicente, o Tribunal de Justiça acabou criando uma situação insustentável, pois os moradores se sentem inseguros, presos dentro de seus apartamentos, em virtude do uso de drogas e sexo explícito no muro que separa os condomínios do terreno ocupado. “A Polícia Militar poderia ter evitado todo esse transtorno no início da ocupação, pois tinha pouca gente. Enquanto encontramos um juiz que cumpre a lei em São Bernardo, não encontramos o mesmo respaldo no Tribunal de Justiça”, complementou.
O metalúrgico Adailton, de 45 anos, morador há 9 anos em um dos condomínios, aderiu ao protesto pelo direito de ir e vir. “As nossas crianças estão presas em casa, com medo de descer no condomínio. A gente trabalha tanto, luta tanto para ter um imóvel, para depois se sentir acuado dentro de casa? Você acha isso justo? Cada centavo que é pago por este apartamento, que foi financiado, é ganho com muito trabalho. O movimento por moradia é legítimo, mas nossa cidade possui uma política habitacional que quer beneficiar quem mora na cidade. Há uma fila de espera que deve ser respeitada”, afirmou.
A dona de casa Ivone, de 37 anos, mãe de dois filhos, mora há 10 anos no local. O motivo de sua adesão é a insegurança provocada pela invasão. “Vim do interior e comecei minha vida do zero. Trabalhei muito para comprar o meu imóvel. Meu marido está incluído nos 14 milhões de desempregados. Tenho feito muitos bicos para honrar o pagamento das prestações. Sabemos que esse movimento não está preocupado em lutar por moradias, mas para provocar a baderna em nossa cidade”, finalizou