A invasão promovida pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) em terreno da MZM Construtora em terreno localizado próximo à Scania, no bairro Assunção, em São Bernardo do Campo, foi apoiada por diversos deputados e vereadores do PT, Partido dos Trabalhadores.
A invasão teve início no último dia 2 de setembro com aproximadamente 500 pessoas e hoje, dia 17, supera a casa das 3.500 famílias, o que leva a crer em aproximadamente 6.000 pessoas (informações fornecidas pelos dirigentes do MTST).
Na última sexta-feira, 15, a audiência de conciliação entre os invasores e a construtora proprietária do terreno acabou sem acordo.
“A Prefeitura acompanhou a audiência apenas para que possa oferecer os meios para a negociação. A nossa gestão não negocia com invasores. Se o movimento quiser sair do local de forma ordeira e pacífica, podemos abrir nossos canais de negociação”, comentou o secretário de Segurança Urbana de São Bernardo, Carlos Alberto dos Santos.
“É uma área particular e, por isso, não podemos fazer uma intervenção direta. Mas não vamos ficar parados. Estamos dando o total suporte para que a ordem seja estabelecida, devolvendo o terreno aos proprietários e restabelecendo a paz aos moradores do entorno”, destacou Orlando Morando em publicação realizada em sua página do Facebook antes da audiência de sexta-feira, 15.
No mesmo dia, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) acatou agravo dos invasores que resultou na suspenção a reintegração de posse (leia a íntegra do agravo aqui) que foi concedida, no último dia 6, pelo juiz da 7ª Vara Cível do município, Fernando de Oliveira Domingues Ladeira, no dia 6.
No início da tarde do dia 15, cerca de mil dos invasores se dirigiram para a frente dos escritórios da MZM, na avenida Pereira Barreto, em Santo André, para efetuar uma manifestação e só deixaram o local após a notícia de que a reintegração de posse havia sido suspensa.
Na quarta-feira, dia 13, aproximadamente 3 mil pessoas portando bandeiras do MTST, PT e CUT foram até o Paço Municipal na intenção de conseguir intimidar o prefeito para que resolvesse a situação em favor dos invasores. Em cima de um caminhão de som, a vereadora do PT, Ana Nice, ligada à CUT, ao ex-prefeito Luiz Marinho e ao Sindicato dos Metalúrgicos, e o dirigente do MTST, Guilherme Boulos, instigavam os presentes contra a administração municipal. Boulos chegou a chamar o prefeito de covarde e acusou a administração de inconsequente e ainda disse que só sairá do terreno com luta e na força.
"Se ele [Orlando Morando] quiser pagar prá ver, verá", ameaçou o dirigente Boulos do MTST em vídeo que circula nas redes sociais.
Firme em sua Decisão, Orlando Morando mandou comunicar que não haveria qualquer negociação e que a prefeitura possui plano habitacional onde 'moradores da cidade' participam de uma lista (fila) realizada pelo setor responsável da prefeitura para que sejam atendidas dentro do programa municipal de habitação.
Os invasores do MTST foram comunicados de que caso queiram sair do terreno de forma pacífica e ordeira a prefeitura, em conjunto com outros órgãos municipais e estaduais, dariam o apoio necessário.
Moradores da região foram para as redes sociais e debateram a invasão durante toda a última semana. Poucas opiniões eram favoráveis e, na sua maioria, eram de militantes do PT ou ligados a sindicatos.
"Moradia é um direito do trabalhador que com suor de seu trabalho, e idoneidade consegue financiamento de um imóvel. O governo administra os recursos de impostos e contribuições de quem trabalha, ou seja, 'não recebe doações' e alguns, por vivenciarem tantos desvios, se acham no direito de receber doações. Comecei a trabalhar com 14 anos e com 27 financiei o meu primeiro imóvel, e hoje, já aposentado, continuo com credito no sistema financeiro. A palavra-chave é buscar recursos com o trabalho sem que seja usado parasitas que usam a massa desinformada para alcançar destaque político. Os movimentos sociais são importantes, mas a massa trabalhadora tem que ficar atenta aos que se infiltram junto a massa e seus objetivos principais", comenta Antônio Souza pelas redes sociais.
O que se viu no último final de semana foi o desembarque de diversos notáveis do PT regional (+ fotos no Facebook.com/grupoahora). O deputado Federal Vicentinho e outros deputados federais do PT e do PCdoB estiveram em cima do caminhão de som com as bandeiras do MTST e CUT acusando os moradores dos prédios próximos ao terreno invadido de serem omissos às necessidades dos trabalhadores.
Outros membros do PT Nacional, Estadual e regional também assumiram o apoio irrestrito ao movimento como Eduardo Suplicy, Zé Albino (que foi presidente do PT em São Bernardo e secretário municipal), Zarattini, Paulo Teixeira, Ana Nice, dentre outros notáveis do partido da estrela. Diversos membros do PT ligados diretamente à Luiz Marinho, ex-prefeito que deixou a cidade toda parada com obras inacabáveis, cheia de dívidas (foram contabilizados mais de R$ 200 milhões), além de ser o mentor do famigerado ‘Museu do Lula’, que está sob investigação do Ministério Público Federal por desvio de verbas públicas e, atualmente, denunciado por diversos crimes.
Diversos moradores perguntaram pelas redes sociais se aqueles invasores eram trabalhadores de verdade, ou meros oportunistas de plantão. Um vídeo, que pode ser visto em nossa página no Facebook, gravado por morador dos prédios próximos, mostrava as barracas montadas completamente vazias, além de flagrar invasora consumindo drogas no terreno invadido.
"Mas é assim mesmo... [se referindo ao vídeo] tive um terreno da família invadido este ano, mas o juiz viu que os 'sem-terra' de sem não tinham nada. Os carros deles eram melhores que os da minha família, tinham até advogado para representá-los no fórum, e o Juiz recebeu provas de que eles não viviam no terreno, só armam as barracas para dizer que moram lá, mas na verdade estão muito bem instalados", comenta Juliana Iwazawa.
No sábado, 16, o Movimento Contra a Invasão (MCI) ganhou as ruas. O protesto conta com o apoio dos quase 10 mil moradores de 10 condomínios localizados na via.
“Com a decisão equivocada da Justiça, entendemos que tínhamos de mostrar a nossa contrariedade. Ficamos muito felizes com a adesão dos moradores”, afirmou Marcelo Mendes Vicente, líder do movimento e síndico de um dos condomínios.
Fotos: Como Começou - 03/09/2017