O Ministério da Saúde informou que não vai comprar a vacina CoronaVac em 2022 por ela ter sido autorizada só para uso emergencial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A pasta ainda declarou que o imunizante, desenvolvido no Brasil pelo Instituto Butantan, tem “baixa efetividade entre idosos acima de 80 anos”.
A informação foi divulgada na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, na 5ª feira (7.out.2021).
Os congressistas pediram esclarecimentos ao ministério na 3ª (5.out), quando a pasta divulgou que não compraria mais a vacina. A resposta foi dada pelo diretor de Programa da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Danilo de Souza Vasconcelos, e pela secretária dele, Rosana Leite de Melo.
“A razão sobre a possível descontinuidade da vacina CoronaVac no ano de 2022 está diretamente relacionada com condição de sua avaliação pela Anvisa. Até o presente momento, a autorização [da CoronaVac] é temporária, de uso emergencial, que foi concedida para minimizar, da forma mais rápida possível, os impactos da doença no território nacional”, responderam os servidores da pasta.
Dentre os imunizantes contra a covid-19 administrados no Brasil, CoronaVac e Janssen tem só o registro emergencial. AstraZeneca e Pfizer já conseguiram o registro definitivo para suas vacinas anticovid. A Pfizer ainda pediu à Anvisa que inclua a necessidade de uma dose de reforço na bula do imunizante.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) também concedeu a aprovação para uso emergencial da CoronaVac.
“Além do fato de estudos demonstrarem a baixa efetividade do imunizante em população acima de 80 anos; discussões na Câmara Técnica que não indicaram tal imunizante como dose de Reforço ou Adicional —conforme NT Técnicas Secovid, assim, no atual momento, só teria indicação como esquema vacinal primário em indivíduos acima de 18 anos. Há estudos em andamento que sinalizam que mesmo usando em esquema vacinal primário há que se considerar uma 3ª dose”, completaram.
Um estudo preliminar com pessoas acima de 70 anos mostra que a CoronaVac tem efetividade média de 42% para esse grupo depois de 40 dias da 2ª dose. O valor é menor que os 50,7% de eficácia encontrada nos estudos clínicos realizados pelo Instituto Butantan no Brasil.
A eficácia foi ainda menor entre os que têm mais de 80 anos, 28% depois da aplicação da 2ª dose. Entre os que têm de 75 a 79 anos, ela foi de 49%. Já para o grupo de 70 a 74 anos, a eficácia foi de 62% depois da 2ª dose –índice superior ao do estudo divulgado pelo Butantan.
Na 3ª feira (5.out), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que o governo só vai assinar novo contrato com o Butantan para compra da CoronaVac se a vacina conseguir o registro definitivo junto à Anvisa. “A Anvisa concedendo o registro definitivo, o Ministério da Saúde considera essa ou qualquer outra vacina para fazer parte do PNI [Programa Nacional de Imunização]”, disse ele.
Nota do Butantan
“Sobre a matéria “Coronavac tem menor efetividade entre idosos de mais de 80 anos do que mostrou estudo clínico do Butantan, diz pesquisa” (Mônica Bergamo, 18/5), o Instituto Butantan esclarece que a Coronavac é segura e eficaz para a população adulta, incluindo os idosos. Estudo da prefeitura de São Paulo, por exemplo, mostrou que houve em abril queda de 90% no número de mortes de pessoas com idade acima de 90 anos, a grande maioria delas imunizada com a vacina do Butantan.
A vacina, portanto, é importante para evitar complicações causadas pela infecção pelo vírus Sars-Cov-2 nos idosos e nas demais faixas etárias da população acima de 18 anos.
O conjunto de dados obtidos nos testes clínicos de fase 3 realizados no Brasil com 12,5 mil voluntários, sob coordenação do Butantan, confirmam que a resposta imunológica e a segurança da vacina no grupo de maiores de 60 anos é análoga à do grupo de 18-59 anos, o que sustenta a extensão de indicação de uso do imunizante em idosos, previsto em bula e aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Não se deve confundir a resposta à vacina com o curso clínico da infecção por SARS-CoV-2. Os idosos correm maior risco de agravamento pela infecção e, por isso, a vacina é fundamental.
É importante que as pessoas sigam tomando a vacina, conforme os esquemas adotados pelos gestores de saúde, de modo a se prevenirem contra as complicações do novo coronavírus”.
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