Países pobres alertam para o fracasso das negociações em Cancún

 

Economia - 15/09/2003 - 14:51:06

 

Países pobres alertam para o fracasso das negociações em Cancún

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O presidente da comissão de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) propôs no sábado, em Cancún, um compromisso entre os países participantes para resolver a questão-chave dos subsídios agrícolas. Mas os países pobres criticaram o plano e disseram que o encontro passava por um impasse. O compromisso, proposto pelo ministro mexicano das Relações Exteriores, Luis Ernesto Derbez, exigia dos Estados Unidos e Europa apenas modestas concessões em seus fortes programas de subsídio agrícola. "À primeira vista, não é o suficiente. Há muitas ambiguidades", disse o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, figura-chave entre os países em desenvolvimento. "Se não houver movimentos importantes nas áreas de nosso interesse, acho que existe um risco de não chegarmos a lugar nenhum." O ministro brasileiro da Agricultura, Roberto Rodrigues, estava mais otimista, embora defendesse uma lista maior de produtos que teriam seus subsídios alterados. "Na parte relativa às modalidades de negociação, houve um progresso em relação à nossa expectativa", disse o ministro, segundo um comunicado divulgado na noite de sábado. "Os produtos que não figuraram na lista devem ter uma redução substancial de subsídios com vistas a sua eliminação no futuro." Outros representantes de países pobres e em desenvolvimento foram muito mais críticos. "É um documento ruim. Tudo é ruim. A agricultura está totalmente desequilibrada", disse um representante da Ásia. Os ministros precisam chegar a um acordo comum antes do final do encontro, no domingo, para retomar as esperanças de concluir um novo pacto comercial que, segundo o Banco Mundial, acrescentaria mais de 500 bilhões de dólares por ano para a renda global até 2015. O rascunho do plano, cuidadosamente redigido, prevê a possibilidade do estabelecimento de uma data para a redução gradual dos subsídios para as exportações agrícolas dos países ricos, um objetivo esperado por países subdesenvolvidos, mas que certamente será contestado pelos poderosos lobbies agrícolas da Europa. Em troca, no entanto, os países pobres deverão se comprometer a abrir seus mercados agrícolas altamente protegidos, uma exigência central dos Estados Unidos. Eles também terão que concordar em iniciar futuras negociações em relação a regras para controlar os investimentos externos -- um objetivo-chave do Japão e da Europa, mas amplamente negado por mais de 70 países, liderados por Índia e Malásia. A agricultura é uma questão-chave por representar a fonte de sustento de bilhões de pessoas nos países subdesenvolvidos, que exigem que os Estados Unidos e a União Européia cortem os altíssimos subsídios pagos a seus produtores. Os países mais pobres argumentam que os subsídios limitam o acesso dos menos favorecidos aos mercados mundiais e ajudam a perpetuar a pobreza. Os países ricos retrucam que já tomaram medidas substanciais para reduzir os subsídios. Um acordo significará apenas uma ampla diretriz para conduzir os negociadores nos trabalhos na sede da OMC em Genebra. Não haverá decisões sobre cortes de tarifas ou subsídios em Cancún.

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