|
As projeções do Banco Central apontam para uma piora do resultado das transações correntes no próximo ano, por conta da queda do superávit comercial, mas as perspectivas para as contas externas ainda são favoráveis e seu equilíbrio independe de novos empréstimos do FMI, avalia a autoridade monetária.
A estimativa do BC, divulgada nesta sexta-feira (26), é que o saldo em transações correntes do país seja deficitário em 2004 6,3 bilhões de dólares, ou 1,31 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante a projeção de um déficit de 1,2 bilhão de dólares, ou 0,28 por cento do PIB, este ano.
"No caso brasileiro, as condições do balanço de pagamentos são muito favoráveis, com ou sem o FMI. Qualquer que seja a decisão que o governo tome...o balanço de pagamentos que estamos projetando aqui é favorável", disse nesta sexta-feira o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Sant'Anna Bevilaqua.
O acordo do Brasil com o FMI, para uma ajuda de 30 bilhões de dólares, termina no final do ano. O governo brasileiro pretende anunciar somente em outubro se irá renovar ou não o acordo.
A piora no resultado em transações correntes --que incluiu as exportações, importações, pagamentos e receitas de serviços e transferências unilaterais-- será resultado principalmente da queda no saldo comercial. O superávit deve cair de 20,5 bilhões de dólares projetado para este ano para 16,5 bilhões de dólares em 2004, por conta do aumento das importações, alavancadas pela retomada da atividade interna.
O déficit externo, no entanto, deve ser inteiramente financiado por investimentos estrangeiros, que no ano que vem deve aumentar para 13,5 bilhões de dólares, contra 10 bilhões de dólares este ano.
"Acho que (as previsões) estão em linha. A previsão para o investimento do ano que vem se mostra compatível com a expectativa de uma economia global mais forte", comentou o economista-chefe do GAP Asset Management, Alexandre Maia.
CAPTAÇÕES EM ALTA
Para equilibrar as contas externas do país em 2004, o BC conta ainda com uma taxa de rolagem média de 100 por cento dos empréstimos diretos e papéis privados e também com a captação do governo no mercado internacional.
O Brasil pretende captar no mercado externo nos próximos 15 meses 5,5 bilhões de dólares, parte dos quais possivelmente ainda este ano, anunciou o diretor de Política Econômica.
O BC concluiu em setembro, com a emissão de mais 750 milhões de dólares em bônus globais com vencimento em 2011, o plano de captar no mercado externo 3 bilhões de dólares em 2003.
Além disso, o Brasil espera receber de organismos multilaterais 2,5 bilhões de dólares, sem contar qualquer eventual desembolso de recursos do FMI, caso o acordo seja renovado.
CRESCER COM EQUILÍBRIO
O diretor disse, ainda, que a conquista de novos mercados para as exportações brasileiras e o processo de substituição de importações verificado na indústria nos últimos meses garantem a melhora das contas e afastam o risco de uma explosão das importações no caso de um aquecimento da atividade.
"Nós podemos crescer hoje a taxas equivalentes a que crescíamos no passado tendo menos pressão sobre as transações correntes."
O BC projeta que as importações somarão 55 bilhões de dólares no ano que vem --crescimento de 14,6 por cento em relação a previsão de 2003 --, como resultado da retomada da economia.
Para as exportações, a estimativa é de um crescimento mais modesto --de 4,4 por cento--em relação as vendas externas projetadas para este ano.
(Colaborou Vanessa Stelzer)
ALSO IN THIS SECTION
Argentina não será flexível em oferta de renegociação d dívida
BC vê contas externas favoráveis em 2004, mesmo sem FMI
Gaúchos fazem primeiro plantio legal de soja transgênica
Brasil vai financiar usina de álcool combustível em Cuba
Bovespa fecha no zero a zero, EUA continuam em foco
Embraer vende 1 avião para alemã Cirrus Airlines
Dólar mantém baixa e fecha a R$2,935 após manhã volátil
Brasil quer captar no exterior US$5,5 bi até fim 2004
Seguro antiapagão aumenta e pode ficar congelado por um ano
Wall St fecha em queda, temporada de resultados impõe cautela
|
