As três principais revistas semanais do País - “Veja”, “Época” e “Istoé” chegaram esta semana às bancas tratando do escândalo do grampo telefônico na Bahia, denúncia levantada pelo jornal A TARDE da Bahia. A “Veja” e a “Época” deram maior destaque, abordando o assunto em reportagens de capa. Todas centram fogo no senador Antonio Carlos Magalhães, destacando a escuta dos telefones da ex-namorada de ACM, Adriana Barreto, e de seu atual marido, o advogado Plácido Faria. “Tive um romance de alguns anos com o senador”, confirma Adriana Barreto em entrevista à “Veja”, ao tempo em revela que sua vida virou “um inferno” após o rompimento. Já na entrevista à “Época”, ACM diz: “Acho que ela acusa agora é de saudade... Isso é forma de expressão de todas as pessoas que têm saudade. Adriana andou adoentada, com problemas de tireóide. Eu, por uma questão de amizade, a levei a um especialista. E já sem ter qualquer relacionamento íntimo com ela”.
“A lista dos grampeados, devido ao seu gigantismo, ainda não foi completamente identificada, mas já se sabe que há várias linhas telefônicas de desafetos políticos do senador Antonio Carlos Magalhães (...) Mas, ao contrário da esmagadora maioria das escutas inscrustadas no aparelho estatal, a grampolândia baiana teve uma particularidade; flagrou ameaças pessoais, juras de amor, encontros românticos, e tudo movido, aparentemente, por ancestrais sentimentos humanos – a traição, o ciúme, a vingança”, diz a “Veja”, na reportagem assinada pelos jornalistas Policarpo Júnior e Malu Gaspar.
Trata-se das gravações clandestinas de conversas nos telefones de Adriana Barreto, ex-namorada do senador ACM, e do seu atual marido, o advogado Plácido Faria, “que substituiu ACM no afeto de Adriana”, conforme a “Veja”. Mas o grampo, neste caso de amor desfeito, não se limitou ao casal, tendo atingido também os telefones de outras pessoas ligadas ao advogado, a exemplo de seu pai, César Faria, sua ex-mulher, Márcia Reis, e seu ex-sócio, Manoel Cerqueira.
Mais escandalosos do que o próprio ato da escuta ilegal, talvez sejam os fatos escabrosos revelados pelo casal a respeito dos atos de vingança que teriam sido perpetrados pelo senador ACM. “Tive um romance de alguns anos com o senandor; - diz Adriana à ‘Veja’. Depois do rompimento, eu, meu atual marido e pessoas próximas ao meu marido passamos a sofrer todo tipo de perseguição e intimidação.”
O marido de Adriana, Plácido Faria, confirma, na mesma revista: “ACM grampeou nossos telefones, vigiava nossos passos, acionando até a polícia, e tentou acabar com minha carreira. Ele transformou nossa vida num inferno. Confesso que cheguei a pensar em fazer uma besteira”. Segundo a “Veja”, Plácido, “no auge do seu desespero”, comprou um revólver de calibre 38, “do qual não se afasta”, e pensou até em adquirir uma metralhadora “para disparar contra o senador baiano”, tendo sido dissuadido pelos seus familiares.
“Vivemos uma tortura psicológica que ninguém merece viver”, declarou Plácido à revista.
ACM avisou
Ainda na entrevista à “Veja”, Plácido Faria afirma que “o grampo telefônico, para mim, não é nenhuma surpresa. O próprio senador avisou que faria isso”. Conforme o relato de Adriana, o senador ACM tentou insistentemente reatar o namoro com ela, chegando, inclusive, a prometer uma mansão em Brasília, um terreno na Bahia e uma conta bancária no exterior.
Diante da resistência de Adriana, ACM partiu para desqualificar o novo namorado dela: “Ele me disse que ia grampear o telefone do Plácido para provar que ele não me merecia”, afirma Adriana à “Veja”.
Nas suas entrevistas, Adriana e Plácido narram situações surrealistas, como o fato de serem surpreendidos por fotógrafos e mesmo cinegrafistas enquanto passeavam em shoppings de Salvador; homens rondando e fotografando do lado de fora do restaurante Baby Beef, quando lá jantavam certa vez. “Havia sempre alguém nos seguindo, qualquer que fosse o lugar. Carros com placas frias ficavam o tempo todo parados em frente à nossa casa. Quando saíamos, eles iam atrás.”
O teste
O advogado Plácido Faria conta que, para comprovar que suas conversas telefônicas estavam sendo escutadas, fez o seguinte teste: combinou com um amigo que manteriam uma conversa em tom sério, pelo telefone, na qual Plácido diria que recebera o convite e estava disposto a posar nu para uma revista gay.
Isso foi feito e não deu outra: dias depois, conta a “Veja”, o Correio da Bahia (que pertence a ACM), publicava a seguinte nota: “A crise, não se iludam, é grave. Tanto que um advogado baiano, que viu sua clientela fugir e que tenta afogar suas mágoas no álcool, resolveu dar uma guinada de 180 graus em sua vida. Decidiu abandonar a profissão e abraçar uma causa mais lúdica, a luta contra o preconceito. Estuda, inclusive, um convite para posar para uma revista liberal, a G Magazine. Isto, embora as exigências feitas pela revista sejam um tanto humilhantes: primeiro, tem que perder boa parte dos seus cento e tantos quilos e, segundo, sua face terá que ser remodelada no photoshop ou excluída das fotos. Mas, disposto a dar um salto em sua vida, ter novas experiências, se internou no spa para perder uns quilinhos.”
Senador nega
O senador ACM continua negando qualquer envolvimento no caso dos grampos telefônicos na Bahia. E ao responder a pergunta neste sentido à revista “Veja”, ele não só nega como levanta suspeitas sobre o comportamento do advogado Plácido Faria: “Em primeiro lugar, tenho certeza de que a polícia vai explicar por que esse doutor Plácido está na lista dos telefones. O que se fala é que ele não é de bom conceito, É dado ao etilismo. Eu me reservo o direito de não falar sobre o grampo. Se houve, não será difícil ver o que existe sobre a vida desse advogado.” Quanto à Adriana, a quem ACM trata de “doutora”, exagerando na formalidade, o senador lembra que “sempre mantivemos boas relações” e diz que as declarações da sua ex-namorada lhe causam “estranheza”. Dizendo-se “constrangido para falar de coisas íntimas”, ACM afirma que só falará sobre o seu relacionamento com Adriana “quando isso se mostrar necessário”, mas adianta: “Sempre mantivemos boas relações. Inclusive, há alguns meses, quando ela ficou doente, eu a levei a médicos de São Paulo e da Bahia. Mantemos boas relações de cordialidade, mesmo agora”, disse o senador em sua entrevista à “Veja”.
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