Pesquisas, resultados e verdades...

 

Opinião - 17/10/2003 - 10:22:51

 

Pesquisas, resultados e verdades...

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

As pesquisas podem esconder armadilhas que nem sempre são percebidas

As pesquisas podem esconder armadilhas que nem sempre são percebidas

Já era tempo, mas enfim está a surgir um valioso estudo sobre as pesquisas patrocinado pela Fundação Getúlio Vargas. As pesquisas políticas, cada vez mais freqüentes e cada vez mais regentes de comportamentos dos que lidam com esta matéria-prima, sabe-se, vieram a reboque da formidável expansão capitalista do século XX. Como não podia deixar de ser, foi na nação líder do capitalismo, os Estados Unidos da América, que as pesquisas foram pioneiramente utilizadas para medir gostos, preferências e desejos do mercado consumidor. A resposta a estas demandas, com certeza, foi da maior importância para a fantástica diversificação de ofertas, que mudou o perfil do sistema capitalista. De repente, uma pesquisa encomendada por um fabricante de geladeiras indicou que os consumidores americanos estavam já aborrecidos com a indefectível cor branca de seus refrigeradores, e quem primeiro fez a variação cromática ganhou um fabuloso mercado. Foi, a rigor, apenas depois da Segunda Guerra mundial que os americanos começaram a usar as pesquisas como instrumento de aferição eleitoral e elas se equivocaram, pois ganhou a presidência quem elas davam como perdedor, o democrata Harry Truman. A partir daí foram criadas várias e sofisticadas metodologias, todas orientadas para torná-las mais confiáveis e com margens de erro cada vez menores. As pesquisas podem esconder armadilhas que nem sempre são percebidas. O estudo da FGV, como se pode inferir pela resenha publicada pela entidade, é uma abordagem inovadora e depois dele as pesquisas deverão merecer uma nova leitura. Apenas um exemplo: uma pesquisa que pretenda aferir um determinado tema ou situação poderá ter dois resultados completamente diferentes a depender da formulação da pergunta. O teste foi este: os noviços indagam aos seus superiores no Seminário se poderiam fumar enquanto rezam. Resposta unânime - não. Já com a mudança da pergunta a resposta foi oposta. Os noviços indagam se poderiam rezar enquanto fumam e a resposta dos superiores foi francamente afirmativa - sim. Valeria a pena valer-se destas indicações para se conhecer realmente como os brasileiros avaliam seu presidente com a permanência da inflação, da vulnerabilidade externa, das exportações pífias, da escandalosa insegurança, das doenças redivivas, das obscenas taxas de juros e de outros desconfortos nacionais. Se comparado com o governante da Costa do Marfim a avaliação deverá ser positiva. Se comparado com o governante do Canadá a avaliação seria a mesma? Os brasileiros podem estar como as andorinhas de Machado de Assis - “O mundo era estreito para Alexandre; um desvão do telhado é o infinito para as andorinhas”. Pois é, estamos muito próximos da Argentina.

As pesquisas podem esconder armadilhas que nem sempre são percebidas

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