O bilionário Elon Musk, CEO da Tesla, está se desligando do governo Trump após um período conturbado à frente de uma campanha de eficiência. Embora tenha conseguido desmantelar diversas agências federais, Musk não atingiu as economias financeiras de longo prazo que almejava.
A saída de Musk do governo foi confirmada por uma autoridade da Casa Branca à Reuters na quarta-feira (28), que informou que seu "desligamento começará hoje à noite". Ontem, Musk utilizou o X (antigo Twitter) para agradecer ao presidente Donald Trump, à medida que seu tempo como funcionário especial do governo no Departamento de Eficiência Governamental (Doge) chegava ao fim.
A partida foi rápida e sem formalidades. Uma fonte próxima ao assunto revelou que Musk não teve uma conversa direta com Trump antes de anunciar sua saída, e a decisão foi tomada "em nível sênior da equipe".
As circunstâncias exatas de sua saída não foram imediatamente esclarecidas, mas ela ocorre um dia após Musk criticar o projeto de lei tributária de Trump, classificando-o como excessivamente caro e prejudicial ao seu trabalho no Doge.
Esses comentários irritaram algumas autoridades de alto escalão da Casa Branca, incluindo o vice-chefe de gabinete, Stephen Miller. A Casa Branca precisou contatar senadores republicanos para reafirmar o apoio de Trump ao pacote, segundo uma fonte familiarizada com o assunto.
Apesar de Musk manter uma relação próxima com o presidente, sua saída segue um declínio gradual em sua influência.
Após a posse de Trump, o bilionário rapidamente se tornou uma figura proeminente na órbita do presidente: altamente visível, impetuoso e descompromissado com as normas tradicionais. Em fevereiro, na Conferência de Ação Política Conservadora, ele exibiu uma motosserra metálica vermelha, declarando: "Esta é a motosserra da burocracia", sob aplausos.
Durante a campanha eleitoral, Musk prometeu que o Doge cortaria pelo menos US$ 2 trilhões em gastos federais. Atualmente, o Doge estima que suas iniciativas economizaram US$ 175 bilhões até o momento, um valor que a Reuters não pôde verificar independentemente.
Musk nunca escondeu sua aversão à força de trabalho federal. Ele previu que a revogação do "privilégio da era da Covid" do teletrabalho provocaria "uma onda de demissões em massa voluntárias que nós saudamos".
No entanto, alguns membros do gabinete que inicialmente abraçaram a energia de Musk como um outsider passaram a desconfiar de suas táticas. Com o tempo, eles se sentiram mais à vontade para resistir aos cortes de pessoal, encorajados por um lembrete de Trump, no início de março, de que as decisões sobre a equipe cabiam aos secretários de departamento, e não a Musk.
Musk entrou em conflito com três dos membros mais graduados do gabinete de Trump: o secretário de Estado, Marco Rubio; o secretário de Transportes, Sean Duffy; e o secretário do Tesouro, Scott Bessent. Ele chegou a chamar o assessor comercial de Trump, Peter Navarro, de "idiota" e "mais burro do que um saco de tijolos". Navarro minimizou os insultos, dizendo: "Já me chamaram de coisas piores".
Ao mesmo tempo, Musk começou a sinalizar que seu período no governo estava chegando ao fim, expressando frustração por não conseguir cortar gastos de forma mais agressiva.
Em uma teleconferência da Tesla em 22 de abril, ele indicou que reduziria significativamente seu trabalho no governo para se concentrar em seus negócios.
"A situação da burocracia federal é muito pior do que eu imaginava", disse Musk ao The Washington Post esta semana. "Eu achava que havia problemas, mas com certeza é uma batalha difícil tentar melhorar as coisas, para dizer o mínimo."
O mandato de 130 dias de Musk como funcionário especial do governo na administração Trump estava previsto para expirar por volta de 30 de maio. O governo afirmou que os esforços do Doge para reestruturar e reduzir o governo federal continuarão.
* Com informações BBC, InfoMoney, CNN Brasil, The Business Standard , Abr - EBC