O método para a detecção do novo esteróide sintético que provocou um escândalo no atletismo está sendo enviado para laboratórios credenciados pelo Comitê Olímpico Internacional em todo o mundo, disse na quarta-feira a Agência Mundial Antidoping (Wada).
Com a distribuição do teste para a tetraidrogestrinona (THG), 30 laboratórios terão capacidade de detectar essa recém-criada substância. A descoberta dessa substância abalou as estruturas do atletismo, o esporte mais badalado das Olimpíadas, a menos de um ano da abertura dos Jogos de Atenas.
A Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada), que descobriu o esteróide após receber uma denúncia, disse que está diante do maior caso de uso de drogas já visto no atletismo. A agência afirmou na semana passada que "vários" atletas do país tiveram resultado positivo para esse esteróide.
"Acreditamos fortemente que também há atletas internacionais envolvidos", disse o executivo-chefe da Usada, Terry Madden.
Segundo a imprensa britânica, o campeão europeu Dwain Chambers teria sido flagrado em testes realizados fora de competição, o que seu técnico negou. Chambers é uma das principais esperanças britânicas nas Olimpíadas de Atenas.
O novo teste para o THG foi desenvolvido pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, após denúncia de um importante treinador, no começo de junho, segundo a Wada.
Em breve, esse exame deve ser parte do procedimento antidoping normal, feito em todos os laboratórios credenciados. As amostras começam a ser enviadas pela agência antidoping dos EUA para todo o mundo esta semana.
"Pedimos ao laboratório da Universidade da Califórnia que andasse rápido não só para identificar essa substância, mas também para garantir que outros laboratórios tenham acesso ao teste o mais rápido possível", disse o diretor-geral da Wada, David Howman.
"Isso mostra que não haverá atraso em flagrar quem nos enganar ou quem achar que pode ficar um passo à frente do sistema. É também um bom exemplo de como compartilhar conhecimento na comunidade científica pode ser importante para conter o doping."
Ele também sugeriu a confederações desportivas internacionais e a agências nacionais antidoping que façam testes relativos ao THG em amostras já recolhidas. "A Wada encoraja fortemente todos os órgãos responsáveis por testes a reverem seus procedimentos e protocolos internos", afirmou Howman.
A Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf) disse na terça-feira que vai fazer novos testes nas amostras de urina colhidas em agosto, durante o campeonato mundial de Paris.
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