"Benjamim", a aguardada adaptação do livro de Chico Buarque de Holanda, é o destaque brasileiro desta quarta-feira na 27a Mostra BR de Cinema de São Paulo.
O filme divide opiniões, mas possui uma unanimidade indiscutível: Cléo Pires, a filha de Glória Pires e Fábio Jr., estréia no cinema com a força de um furacão.
Morena, miúda, sensual e fotogênica, Cléo assume um duplo papel com impressionante naturalidade e contornos psicológicos ambíguos dignos de uma musa de Nelson Rodrigues.
Ela é Castana Beatriz, fantasma do passado do ator de comerciais Benjamim, interpretado na velhice por Paulo José e na juventude por Danton Mello.
No tempo presente, ela vive a jovem Ariella, funcionária de uma imobiliária e casada com um policial (Guilherme Leme) aleijado depois de um tiroteio.
A fixação amorosa de Benjamim pela moça, que em sua cabeça é a imagem viva da Castana, é a parte consistente da história, amparada pela interpretação sólida de um Paulo José como sempre comovente.
Alguns erros de percurso do roteiro se fazem notar. Um bom exemplo é o envolvimento de Castana Beatriz na militância política clandestina no período da ditadura militar, que entra na história de sopetão.
Isto acaba prejudicando a credibilidade de um detalhe que é fundamental a todo o desenrolar da trama e está no centro da obsessão e da culpa de Benjamim em relação a esta mulher.
Há também exageros no uso da trilha sonora, com a música sempre no volume máximo, apesar da boa escolha dos temas do período retratado, nos anos 60 -- "Um Homem, Uma Mulher", de Francis Lai, "Years of Solitude", de Astor Piazzolla, e "Ne Me Quites Pas", de e com Jacques Brel, entre outras.
Para saber mais detalhes sobre os horários e os locais de exibição deste filme, consulte o site oficial da Mostra:
|