Para alguns, ele é a mais perfeita e poética tradução física da maturidade, da experiência e de uma vida bem vivida. Para outros, entretanto, ele é um pesadelo, um sinal definitivo de que a idade chegou e uma compro-vação das teorias que afirmam que o tempo é implacável em sua missão de atentar contra a beleza humana. Mas a verdade é que, gostando ou não, mais cedo ou mais tarde, os cabelos brancos sempre aparecem para mudar cabeças por dentro e por fora. E, obviamente, pedindo cuida-dos especiais, sejam lá eles assumi-dos ou disfarçados.
Existem fatores hereditários e raciais que determinam o surgimento da canície, o termo médico para o famoso telhado de neve. Famílias inteiras podem ter cabelos brancos precocemente mas, em geral, eles surgem nos negros a partir dos 40 anos e, nos brancos, na faixa dos 30. Os primeiros fios costumam aparecer na região das têmporas para depois se alastrarem por toda cabeça, às vezes um pouco mais rápido do que se gostaria. “Eu tinha uns 38 anos e, em um ano e meio, fiquei absolu-tamente grisalha. Tinha uns poucos fios brancos que eu disfarçava com um tonalizante, mas depois ficou cinza mesmo. No começo, fiquei muito em dúvida se assumia ou não, mas hoje em dia não me preocupo mais”, conta a bancária Maria Tereza Costa. Já sua irmã Regina, apesar de quatro anos mais velha, desconhece essa angústia. “Às vezes, aparecem uns fios que eu arranco com pinça. No máximo, uns três ou quatro”, diz ela.
A dermatologista Denise Steiner afirma que, apesar dos elementos genéticos, o surgimento dos cabelos brancos varia fundamentalmente de pessoa para pessoa. “Existem também fatores externos como as doenças comsuptivas, que são aquelas que debilitam o paciente, e o estresse”, acrescenta. No entanto, quase nada pode ser feito para retardar o surgimento desses fios. Evitar tensões e aborrecimentos ajuda mas, como isso nem sempre é possível, uma alimentação balan-ceada pode surtir algum efeito. “Principalmente se for bem equili-brada em vitaminas e proteínas, que estimulam o metabolismo da mela-nina, responsável pela pigmentação dos cabelos”, indica o dermatologista Paulo Roberto Cunha. “Já se sabe que algumas substâncias como a tretinoína e o ácido retinóico tra-balham na estimulação de melanina, mas não existe nenhum produto com eficácia totalmente comprovada para adiar o surgimento da canície”, garante ele. Já que ele pode tardar, mas não falhar, o destino dado à maioria dos fios brancos é a tintura. Apesar de parecer muito simples, essa é uma tarefa de dois riscos básicos, um estético e outro para a saúde dos fios. Portanto, é fundamental escolher um bom produto que não termine sua ação revelando um look Zé Bonitinho, nem destruindo a fibra capilar. “O cabelo branco é mais poroso, é mais grosso. As cutículas são mais abertas. Por isso, eles estão mais expostos”, explica o tinturista Thiago Aprígio, do salão de Celso Kamura, em São Paulo. Por isso, Denise Steiner recomenda os tonalizantes. “Eles são menos agressivos do que as tintas com amônia”, afirma. Atenção também na hora de escolher a tonalidade. “Primeiro, deve-se usar uma cor fundamental, como o castanho. Só depois se aplica a nuance, como um vermelho intenso, por exemplo. Assim, o resultado fica natural”, explica Thiago. Com o tempo, o trabalho se resume a retocar apenas a raiz, evitando que o fio se exponha novamente às agressões químicas, que o ressecam.
Assumir o grisalho, entretanto, não significa entregar a Deus – que não é exatamente um bom cabeleireiro – os cuidados com as madeixas. O resultado disso pode ser aquela temida juba amarelada, essa sim um atentado a qualquer beleza, seja ela branca ou colorida. “Evitar excesso de sol e cloro é prudente. As vitaminas C e E, assim como as do complexo B, são importantes para preservar o fio”, recomenda Denise Steiner. Já Thiago Aprígio indica hidratação periódica. “Tem também um shampoo ótimo, Silver, da Osmose, que é específico para cabelos brancos. O importante é que eles não fiquem pesados, o visual deve estar sempre leve”, diz ele. E sua dona sempre bonita.
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