Cai a fome no Brasil, mas não graças ao Fome Zero!

 

Opinião - 05/12/2003 - 10:21:22

 

Cai a fome no Brasil, mas não graças ao Fome Zero!

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Em meio a tantas notícias negativas, tanto no plano nacional quanto no mundial, faz bem à auto-estima do brasileiro receber uma boa notícia sobre o nosso País. É o que ocorre com a divulgação de dados do relatório anual da FAO, uma organização vinculada à ONU que trata de alimentos e agricultura, sob o título de Estado da insegurança alimentar no mundo - 2003. Uma informação revelada pelo documento é que, em comparação com o início dos anos 90, o problema da fome diminuiu no Brasil no final do Governo FHC. Em todo o planeta, a fome continua crescendo, fazendo aumentar em 5 milhões de pessoas, a cada ano, o número daqueles que comem muito aquém do mínimo necessário. A legião dos famintos já se aproxima rapidamente de 1 bilhão de vítimas. No entanto, o relatório da FAO constata que a fome diminuiu no Brasil, colocando-o entre os 18 países em que o problema está diminuindo. Vale a pena, então, a luta. Isso evidentemente nada tem a ver com o Fome Zero, lançado nas primeiras horas do atual Governo, que é altamente positivo, mas ainda não conseguiu romper as barreiras da burocracia e dos vícios que atropelam programas governamentais para atingir plenamente sua finalidade. O documento adverte, aliás, que as campanhas internacionais com o objetivo de alimentar as populações na miséria vêm fracassando, nos últimos anos. Assim, são cada dia mais remotas as chances de se atingir, em 2015, a meta da ONU de reduzir à metade o total de subnutridos existentes hoje no mundo. Apesar de o programa contra a fome do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ter influenciado o resultado obtido pelo Brasil, os objetivos e méritos do Fome Zero são reconhecidos no documento da FAO. Além disso, não se pode deixar de levar em conta o papel da Pastoral da Criança da CNBB, dirigida pela médica Zilda Arns, nos resultados obtidos pelo País, nos últimos 20 anos, contra a fome, a doença, a miséria, especificamente no setor materno-infantil. A Pastoral da Criança tem as vantagens de não sofrer influências político-eleitorais, não padecer de entraves burocráticos e desvio de dinheiro, e ser conduzida basicamente por trabalho voluntário. Além do caso brasileiro, o relatório do órgão da ONU se detém em programas bem-sucedidos em mais três países: Panamá, Quênia e Vietnã. Conclama todos os países a apoiar e adotar o Programa Mundial contra a Fome, recentemente proposto pela própria FAO. Lembramos que o presidente Lula propôs, na ONU, a constituição de um fundo mundial com essa finalidade. O esforço no combate à fome e o sucesso obtido nessa luta por alguns países sinalizam que a humanidade não tolera mais esse flagelo, contra o qual já dispõe de instrumentos eficazes. O relatório da FAO indica que o problema da fome é mais grave no norte e região subsaariana da África, e no Oriente Médio; tendo melhorado na Ásia, América Latina e Caribe. A China conseguiu a façanha de livrar da fome mais de 70 milhões entre 1995 e 2000. Com o alto nível de produção de grãos e outros alimentos atingido atualmente, não se justifica mais a fome endêmica. São, sem dúvida, a guerra e o clima de guerra que impedem maiores avanços no setor. Países que não sabem o que é paz, como muitos do Oriente Médio, países africanos que vivem em guerra civil, como o Congo-Kinshasa, são muito prejudicados. A luta entre facções pelo poder não permite que tais países cuidem de seus reais problemas. Livre da guerra civil, Moçambique já se inclui entre os bem-sucedidos na guerra vital para que todos tenham pão. Num país como o nosso, sem guerra civil (embora se possa ver como tal a guerra entre traficantes de droga e governos), com grande produção agrícola, a fome é absolutamente inadmissível, intolerável.

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