O aumento da expectativa de vida da população brasileira reduzirá a aposentadoria do trabalhador da iniciativa privada que não quiser continuar ocupado. A redução do valor do benefício depende de cada caso, mas o JC solicitou algumas simulações para a Quality Previdência e Investimentos (veja tabela abaixo). As perdas no valor do benefício superam 12%. Isso porque a expectativa de sobrevida da população faz parte do cálculo da aposentadoria.
Pelos números do IBGE, divulgados anteontem, a esperança de vida passou de 62 anos e cinco meses, em 1980, para 71 anos, em 2002. A sobrevida para quem tem 70 anos, por exemplo, passou de 11,2 anos para 14,1 anos.
Atualmente, a aposentadoria calculada corresponde as 80 maiores contribuições previdenciárias de 1994 até hoje. Sobre essa base, chamada de benefício inicial, aplica-se o fator previdenciário, que funciona como um redutor.
Cada vez que o IBGE calcula a nova expectativa de vida, o fator previdenciário é corrigido. E cada vez que o tempo de vida da população for maior, o fator se torna menor. Por isso, a cada ano a população vai somar prejuízos. Essa fórmula vem compensar as perdas de receitas que a Previdência teria com a longevidade da população, visto que quanto mais tempo a pessoa vive, mais tempo recebe de aposentadoria.
Nas quatro simulações realizadas, a reportagem observou que a redução no valor do benefício é maior para os mais idosos. O homem com 50 anos de idade e 35 anos de contribuição para a Previdência terá uma perda de 8,9% no valor da aposentadoria. Nesse caso, o fator previdenciário aplicado sobre o benefício inicial cai de 0,6817 para 0,6211. Se essa pessoa contribuiu pelo teto previdenciário de R$ 1.869,34 (ou seja, ela receberia esse teto se não existisse o fator), a aposentadoria dela seria reduzida de R$ 1.274,38 para R$ 1.161,00.
Considerando as mesmas condições acima para um homem com 60 anos de idade e 35 anos de contribuição, a perda será de 12,7%. O benefício passará de R$ 1.935,89 (o fator previdenciário, às vezes, é maior que 1%) para R$ 1.690,36. Mesmo que ele tenha 60 anos de vida e 40 anos de contribuição, a perda também será de 12,7%.
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