Dias melhores virão

 

Opinião - 03/02/2004 - 10:50:00

 

Dias melhores virão

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

É grande a expectativa de todos os brasileiros em relação à volta do crescimento e de um cenário mais tranqüilo para a economia brasileira neste ano. Isso já foi externado por empresários e consumidores em pesquisas divulgadas nas últimas semanas. O setor produtivo se prepara para mais investimentos e contratação de pessoal, enquanto os brasileiros se dizem dispostos a aumentar suas compras. Mas, para que isso se concretize, é preciso sinais claros de melhora. O ministro da Fazenda Antonio Palocci admite que a retomada da economia brasileira não é tão rápida quanto se deseja, porque os problemas eram muito grandes. O ano de 2003 foi de ajustes, com o controle da inflação, crescimento das exportações, barateamento do crédito e mais acesso a ele e, conseqüentemente, algum reaquecimento do consumo. Por isso, o ministro Palocci considera que a população já está sentindo no bolso os efeitos da recuperação. Não é fácil concordar com essa conclusão, porque os brasileiros ainda se ressentem de um período de grandes dificuldades vividas no ano passado, com desemprego subindo, renda em queda e a economia praticamente parada. O que existe mesmo é a esperança de dias melhores, e nesse sentido o ministro Palocci é bastante otimista quando diz que o crescimento em 2004 “já está garantido”. Agora, afirma, é preciso trabalhar para que o Brasil cresça mais em 2005 e também em 2006, em um desenvolvimento sustentado que garanta benefícios de fato para a população brasileira. A receita de Palocci para alcançar essa situação é a mesma que vem sendo usada desde a posse deste governo: combate permanente à inflação e ajuste fiscal, sem soluções milagrosas. A bronca que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu nos empresários brasileiros, terça-feira, 27 de janeiro, na Índia, causou mal-estar. Primeiro, porque foi uma queixa pública, num terreno cujo apoio pretende ampliar, e dirigida ao grupo de homens de negócios que o acompanha nesta missão oficial. Sem cerimônia, durante um encontro organizado pela Confederação das Indústrias da Índia e câmaras do comércio dos dois países, o Presidente pediu ao empresariado nacional que pare de chorar e aprenda a vender seus produtos. Se quis atingir determinados segmentos, o Presidente acabou “generalizando o pito”. Ouviu, como resposta, que os custos sobre as exportações via de regra impedem uma agressividade maior no comércio exterior. Para Lula, suas palavras representaram um desabafo, uma espécie de chamamento aos empresários no sentido de eles terem mais ousadia diante do mundo globalizado. Mas, se por um lado houve certo constrangimento, por outro a classe empresarial poderá também cobrar do Governo a contrapartida necessária a novas empreitadas no mercado externo. Que trabalhem em conjunto, então, setor privado e poder público. Quem sabe o melindre seja superado e a crítica oficial dispense a verborragia para se converter em apoio concreto e eficiente. O presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, defendeu a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), considerada excessivamente pessimista, e mandou o mercado financeiro reler os relatórios de dezembro. Disse ainda que os analistas financeiros precisam ‘’refazer sua lição de casa’’ antes de ‘’fazer suas apostas’’. Meirelles afirmou que a ata do Copom de janeiro, considerada excessivamente pessimista, é auto-explicativa e que analisa, de forma detalhada, ‘’riscos e obstáculos’’ ao crescimento previsto da economia. ’’Não vou comentar o que já está suficientemente claro. Surpresas de decisão demandam a maturidade de analisar o erro da aposta e refazer sua lição de casa’’, disse. Para defender a ata do Copom, Meirelles citou o filósofo italiano Norberto Bobbio, morto no dia 9 deste mês. ‘’Deveria o cidadão entender antes de julgar, e julgar antes de criticar’’, disse. ‘’Processos de transferência de culpa são de pouca utilidade’’, afirmou. Sobre o significado da decisão do BC de interromper ‘’temporariamente’’ a queda dos juros, Meirelles disse, laconicamente, que cabe ao BC ter ‘’paciência e memória’’ sobre a trajetória de inflação. Disse ainda que o Brasil está preparado para enfrentar as oscilações do mercado de títulos da dívida e uma eventual mudança no cenário internacional, como o aumento de juros nos EUA. O presidente do BC mostrou tranqüilidade ao comentar o estresse do mercado financeiro e a indicação do Federal Reserve, o BC dos EUA, de aumentar os juros. ‘’O mercado sempre faz a sua avaliação da maneira que acha mais conveniente’’, disse. O Brasil vive um momento de boas perspectivas, e isso é possível porque a política econômica fez “o que manda o figurino”. O crescimento, entretanto, ainda não veio como se deseja. Para que o futuro seja realmente melhor talvez seja preciso um pouco mais de ousadia nas decisões, que permita ao País entrar, de fato, em uma nova fase.

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