A perversa distribuição de renda no país!

 

Opinião - 28/05/2004 - 21:44:09

 

A perversa distribuição de renda no país!

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

A Pesquisa de Orçamento Familiar da FGV, baseada nos anos de 2002/2003, demonstram que ainda há uma enorme concentração de renda no Brasil

A Pesquisa de Orçamento Familiar da FGV, baseada nos anos de 2002/2003, demonstram que ainda há uma enorme concentração de renda no Brasil

Os últimos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ainda que se refiram aos anos de 2002/2003, continuam a revelar aspectos específicos da monstruosa concentração de renda no País. O Plano Real deu, no início, a ilusão de que iria corrigir esse mal secular, e o governo comemorou a chegada do frango congelado à mesa dos pobres. Nos anos seguintes, aumentaram as distâncias socioeconômicas entre os diferentes estratos da população. Coube à política monetária, na luta contra a inflação, acentuar o desemprego, a informalidade e a redução de renda do trabalhador, dando seguimento ao processo de concentração de renda, hoje um das maiores do mundo, enquanto uma elite de brasileiros mantém nos bancos estrangeiros não se sabe quantos bilhões de dólares, comprovadamente mais de R$ 100 bilhões. A pesquisa da FGV é um retrato desolador da situação do povo brasileiro. O flash é inquietante. Revela que 85% das famílias não conseguem chegar até o fim do mês com os rendimentos auferidos pelo trabalho regular dos seus integrantes. Precisam apelar para empréstimos pessoais, serviços avulsos nos fins de semana e às vezes até para a prostituição ou a mendicância. Se é verdade que os preços da cesta básica estão crescendo menos velozmente do que em décadas passadas, também é certo que os salários foram contidos, nas empresas privadas e mais ainda no serviço governamental (para os que não têm função comissionada, nem grande força de reivindicação), especialmente no âmbito do poder executivo. E a inflação continua a ser muito forte quando se trata de preços administrados pelo poder público, de que são exemplos a telefonia, as tarifas dos correios, os combustíveis, transporte, água e luz elétrica. Ou por empresas que monopolizam certos produtos. Além de estimular o desemprego com a falta de investimentos públicos e da falta de estímulos reais a empresas empregadoras de grandes contingentes de mão de obra, como a de construção civil, o governo majora as tarifas e os insumos que agem inflacionariamente sobre os produtos industrializados. E não podemos esquecer as distorções cambiais que fazem com que o aumento do dólar influencie até o preço da soja, de que o Brasil é, hoje, o maior exportador mundial, ou do petróleo, de que somos grandes produtores em função de uma política acertada que vem sendo mantida com algumas correções desde a metade do século passado. A repercussão do arrocho na renda se torna mais devastador, como era de se esperar, em regiões esquecidas pelos governo central, como o Nordeste, que até hoje não recebeu os recursos prometidos para as vítimas das catástrofes das enchentes nos fins de janeiro. Se, no âmbito nacional, o percentual das famílias que não conseguem chegar ao fim do mês com a renda do trabalho é de 85%, entre nós é ainda maior. Piauí, Paraíba e Pernambuco, por exemplo, além da característica comum de começarem pela letra P, estão entre os Estados em que cerca de 92% dos trabalhadores ganham menos do que consomem suas famílias cada mês. Os estatísticos sabem muito bem representar a relação entre o custo de alimentação e os proventos de uma família. Por ser esse um item de consumo inelástico, como dizem os economistas, quanto menor a renda, maior o percentual despendido na compra de gêneros básicos. Assim é que o cruzamento de dados da pesquisa concluída em 2002 revelou que para uma renda familiar de até R$ 400, o percentual despendido mensalmente em alimentação, entre os nordestinos, chega em média a 38,47%. Quase nada sobra para pagamento de aluguel, gás de cozinha, luz, transporte, roupa, remédios e tantos outros itens indispensáveis à vida.

A Pesquisa de Orçamento Familiar da FGV, baseada nos anos de 2002/2003, demonstram que ainda há uma enorme concentração de renda no Brasil

A Pesquisa de Orçamento Familiar da FGV, baseada nos anos de 2002/2003, demonstram que ainda há uma enorme concentração de renda no Brasil

A Pesquisa de Orçamento Familiar da FGV, baseada nos anos de 2002/2003, demonstram que ainda há uma enorme concentração de renda no Brasil

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