Novas imagens captadas pelo telescópio espacial Spitzer, da Nasa, e divulgadas hoje mostram pela primeira vez o processo de nascimento das estrelas, envolvidas por poeira atmosférica, gás e partículas de água congelada. Para cientistas, a descoberta é significativa e se somará a outras evidências.
As imagens mostram mais de 300 estrelas formadas recentemente na área explorada pelo telescópio chamada de RCW 49, distante a 13,7 mil anos-luz da Terra, na constelação Centauro. "Dados preliminares sugerem que as 300 estrelas estão cercadas de discos de peira", que geralmente acompanham a densa camada de gás presente na formação das estrelas, explicou Ed Churchwell, da Universidad de Wisconsin em Madison.
"Duas estrelas foram observadas detalhadamente e cada uma tem um disco", destacou. "Ao focalizar o que acontece por trás da poeira, o (telescópio) Spitzer nos mostrou que a formação das estrelas e dos planetas é um processo muito ativo em nossa galáxia", acrescentou Churchwell.
Para o astrônomo Walmir Thomazi Cardozo, da Sociedade Brasileira para o Ensino da Astronomia, em entrevista ao Jornal do Terra, as descobertas são significativas para a ciência e se somam a uma série de evidências. As imagens, explica ele, são de objetos que estariam a dezenas de milhares de anos luz da Terra.
"O gelo com a presença do material orgânico em torno das estrelas em formação é possivelmente o mesmo processo de formação dos planetas do nosso sistema (Solar)", avalia. "Isso fortalece uma idéia que já era corrente dentro da astronomia". Cardozo acrescenta que a descoberta contribui também para a busca de vida e materiais orgânicos em outros planetas.
O Spitzer foi lançado no dia 25 de agosto de 2003 pela Nasa, ampliando o conjunto de telescópios espaciais americanos que já contava com o Hubble, que deve ser aposentado dentro de um acerto período. "A especialidade (do Spitzer) é que ele faz observações no infra-vermelho, uma faixa de luz que não enxergamos", afirmou Churchwell.
Outro estudo ajuda pesquisa sobre cometas
Outro estudo feito com o telescópio Spitzer permitiu detectar partículas de gelo no centro dos discos que cercam cinco estrelas ainda muito jovens no meio da constelação de Taurus, a 420 anos-luz da Terra.
Estes materiais, partículas de poeira recobertas de água, de metano e de dióxido de carbono, poderão levar à explicação da formação dos cometas, considerados por inúmeros pesquisadores a fonte de água e vida na Terra.
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