Depois de cerca de oito horas de discussões, a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória que fixou em R$ 260 o valor do salário mínimo a partir de 1° de maio. As negociações e pressões do governo sobre os deputados aliados acabaram surtindo efeito e a MP recebeu 266 votos a favor, 167 contra. Houve ainda seis abstenções.
Com a vitória na Câmara, o governo agora deverá enfrentar outra batalha no Senado. Segundo o vice-presidente da Casa, Paulo Paim (PT-RS), 53 senadores estariam dispostos a votar contra a MP.
A votação, realizada por volta das 20h, foi antecedida de muitos discursos, algum tumulto e negociações entre governistas e oposição. Inconformado com a quebra de um acordo que previa a votação da MP apenas na próxima semana, o PFL tentou obstruir a pauta do dia, mas acabou recuando depois de os governistas aceitarem votar primeiro o projeto do deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), que previa a elevação do salário mínimo para R$ 275. Também foi acertado que a votação seria nominal, uma tática da oposição para pressionar parlamentares a votar pelo maior valor. Colocado em votação, o projeto do PFL foi derrotado.
Apesar das críticas ao salário mínimo de R$ 260, os "rebeldes" do PT votaram com o governo. Das seis abstenções, cinco foram de petistas: Dr. Rosinha (PT-PR), Luiz Alberto (PT-BA), Mauro Passos (PT-SC), João Alfredo (PT-CE) e Nazareno Fonteles (PT-PI). A outra foi de Celcita Pinheiro (PFL-MT). Outros quatro deputados do PT não compareceram à votação: Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (SP), Orlando Fantazzini (SP), Fernando Ferro (PE) e Orlando Desconsi (RS).
Genoíno comemora vitória
Numa entrevista à Globonews, o presidente do PT, José Genoíno, comemorou a vitória na Câmara. "Compreendemos que o salário mínimo não é o ideal, mas foi o limite das nossas possibilidades", disse. Ele revelou ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta terça-feira e acertado a posição do governo para a votação:
"Eu falei com ele: 'É isso, presidente?' 'É isso', ele respondeu".
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