A inflação ao consumidor em São Paulo acelerou pelo terceiro mês consecutivo em maio e deve ficar no atual patamar segundo semestre do ano, disse a Fipe nesta quinta-feira.
De acordo com o coordenador do Índice de Preços Consumidor (IPC) da Fipe, Paulo Picchettti, a pressão no mês passado foi patrocinada pela alta dos produtos comercializáveis, que sofreram com a recente alta do dólar, e dos preços de alimentação e vestuário.
A inflação em São Paulo subiu para 0,57 por cento no mês passado, ante o 0,29 por cento em abril, disse a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas nesta quinta-feira. O núcleo do indicador ficou em 0,41 por cento, acima do 0,32 por cento de abril.
"Alimentação e vestuário foram os que mais impactaram no índice, em parte pelo aumento nas vendas por conta de uma leve recuperação do mercado interno", informou Picchetti.
Entre os grupos do IPC, Alimentação teve a maior alta de preços, de 1,05 por cento em maio, contra queda de 0,30 por cento em abril. Vestuário registrou elevação de 0,28 por cento.
Segundo o coordenador do IPC, além da recuperação do mercado interno --que é explicada principalmente por dissídios salariais dados no final do ano passado e pela queda da inflação anualizada--, a recente desvalorização do câmbio também contribuiu para uma pressão sobre os produtos comercializáveis que, consequentemente, ajudaram na alta do índice.
Picchetti explicou que este grupo inclui produtos de importação e exportação e, portanto, dependem da taxa de câmbio.
O preço dos produtos comercializáveis aceleraram para 0,84 por cento em maio, frente a alta de 0,24 por cento em abril.
No ano, o IPC acumula alta de 1,83 por cento e nos últimos 12 meses o avanço é de 4,45 por cento.
A taxa de maio foi a maior desde janeiro deste ano, quando o IPC subiu 0,65 por cento. Analistas ouvidos pela Reuters previam, em média, um número de 0,54 por cento.
MUDANÇA DE PATAMAR
Picchetti disse que a Fipe segue com a previsão de uma inflação entre 5,5 e 6 por cento no ano, mas pondera que o indicador mudou de patamar e "vai se manter em média acima de 0,5 por cento" nos próximos meses.
"Tem uma pressão grande de preços administrados no segundo semestre e a novidade agora é o setor externo", afirmou, explicando que a alta do dólar e o possível reajuste dos preços do combustível pela Petrobras, caso os preços internacionais continuem subindo, devem impactar no aumento de preços.
Ele explica ainda que o recente aumento do álcool e da gasolina já deve impactar o índice em junho, que deve ficar em cerca de 0,5 por cento.
Segundo estudo de Picchetti, se o reajuste de combustíveis pela Petrobras chegar a 10 por cento, o impacto no IPC será da ordem de 0,25 ponto percentual. Na hipótese de um aumento de 15 por cento, o impacto seria de 0,37 ponto percentual, e de um aumento de 20 por cento, o impacto seria de 0,49 por cento.
O IPC mede a variação dos preços no município de São Paulo de famílias com renda até 20 salários mínimos. A Fipe, da Universidade de São Paulo, divulga os dados do IPC a cada semana.
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