Planalto vai atuar pesado para convencer senadores sobre mínimo

 

Economia - 04/06/2004 - 00:44:09

 

Planalto vai atuar pesado para convencer senadores sobre mínimo

 

Da Redação com Reuters

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

O Palácio do Planalto já começou a operação para repetir no Senado o resultado da Câmara na votação do salário mínimo. A expectativa é que a resistência dos senadores seja maior, uma vez que o apoio ao governo é mais frágil, como se viu na proibição dos bingos em maio. "O governo não vai jogar pouco peso nesta operação no Senado... Se, na Câmara, o grupo dos 21 se reduziu para 5, aqui temos 5 que talvez possam se transformar em um, ou nenhum", disse à Reuters a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti (SC). Na quarta-feira, a Câmara aprovou por votação simbólica o salário mínimo de 260 reais, após derrubar proposta da oposição de elevá-lo para 275 reais. Semana passada, 21 deputados e dois senadores petistas haviam assinado um manifesto de que votariam contra os 260 reais. Mas na votação, no entanto, apenas cinco deputados mantiveram a palavra. Muitos parlamentares, inclusive da oposição, já começam a achar difícil uma derrota do governo porque a estratégia de pressão já está desenhada. O primeiro passo foi confirmar a visita do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, para convencer senadores de que não há possibilidade de oferecer um valor maior, como fez na Câmara com os petistas. O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, já começou a atuar e nesta quarta-feira tomou café da manhã com os líderes da oposição no Senado. Os ministros que têm influência sobre bancadas também foram acionados, como os peemedebistas Eunício Oliveira (Comunicações) e Amir Lando (Previdência), que devem operar junto ao líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL). Para adversários políticos como o senador Jefferson Peres (PDT-AM), os argumentos do governo são mais eficientes. "Não tenho dúvida da interferência fisiológica do Planalto na negociação. Fala-se, até, na liberação de 1 bilhão de reais (em emendas parlamentares)", afirmou. Ele, no entanto, acrescentou que pode votar a favor dos 260 reais caso seja convencido de que um valor superior terá impacto negativo nas contas públicas. A MP do mínimo passa a trancar a pauta do Senado dia 14. É preciso maioria simples para rejeitar ou aprovar uma medida provisória, desde que o quórum do plenário seja de 41 dos 81 senadores. OPOSIÇÃO EM DÚVIDA Entre os senadores da oposição, o resultado do embate com o governo ainda não é consenso. Enquanto uns acreditam na derrota da MP dos 260 reais, outros acham remota a possibilidade de emplacar um valor maior para o mínimo. Tucanos e pefelistas devem apresentar uma emenda à medida provisória aumentando o salário mínimo de 260 para 275 reais, como ocorreu na Câmara. "Eu arrisco dizer que as chances de ganharmos na emenda de 275 reais são possíveis", disse o líder do PFL, José Agripino (RN). Ele não quis, a exemplo do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), cantar vitória. "O governo vai se dar mal aqui", disse Virgílio. Já o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), conhecido no Congresso por acertar nas previsões que faz, não acredita numa vitória do governo. ACM afirmou que, ao contrário do que vem fazendo até agora, desta vez vai votar contra o governo. Os senadores "rebeldes" que quiseram descumprir a decisão do partido podem recorrer à abstenção ou optar pela ausência no dia da votação para não serem punidos. "Dificilmente venceremos. Não temos maioria. Se a oposição votar toda unida, teremos no máximo 35 votos", argumentou o senador Álvaro Dias (PDT-PR). O PMDB, maior bancada na Casa, já deu demonstrações de que também não vota unido. Na Câmara, onde é o segundo maior partido em número de deputados, os peemedebistas racharam na votação da medida provisória. No Senado, o líder Renan Calheiros argumentou que a correlação de forças é diferente, tentando minimizar os embates. Para ele, dos 22 senadores da legenda, apenas cinco ou seis votos serão contrários à MP. DUELO PETISTA Em relação às contas do senador Paulo Paim (PT-RS), que contabiliza 53 votos contrários à MP do mínimo, a senadora Ideli fez pouco caso: "Paim inflacionou o número aqui para tentar influenciar a Câmara." Paim rebateu: "Não vou responder a essa baixaria. Isso não condiz com comportamento de uma líder".

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