A Prefeitura de São Bernardo fechou com chave de ouro a campanha municipal contra a Hanseníase, dia 9 de junho, quando proporcionou uma visita ao Hospital Francisco Ribeiro Arantes, em Itu, aos profissionais dos vários setores da rede pública de saúde.
A visita alcançou seu objetivo que era de sensibilizar ainda mais os profissionais da saúde, principalmente em relação ao preconceito sofrido pelos portadores de hanseníase e proporcionar a eles conhecimento amplo da história do local, da evolução da doença, da importância de um diagnóstico precoce e das formas de tratamento. Lá os profissionais puderam conhecer pessoas que se tornaram incapacitadas devido à doença e todo processo de exclusão social que passaram os antigos doentes.
O fato de muitas pessoas ou profissionais da saúde não conhecerem a doença ou não acreditarem que ela ainda possa existir, vem prejudicando a erradicação da hanseníase no Brasil. Hoje, o país é o segundo do mundo em número absoluto de pessoas infectadas e o primeiro da América do Sul.
No primeiro momento da visita, os visitantes tiveram um bate-papo com diferentes profissionais do hospital como oftalmologista, terapeuta ocupacional, dermatologista e auxiliar de enfermagem. A história do local, da doença no Brasil e do preconceito sofrido pelos pacientes desde 1.500 a.C., a perda da cidadania, o desconhecimento por parte dos médicos, a evolução dos medicamentos, sintomas, tratamento, formas de diagnóstico e a prevenção precoce foram alguns temas destacados.
Na segunda parte, os participantes puderam conhecer o hospital asilo e conversar com os pacientes. Os visitantes comprovaram as seqüelas que comprometem principalmente, a face e os membros periféricos, impedindo os pacientes de trabalhar e ter vida social. De acordo com o médico demartologista da rede pública de São Bernardo e do hospital asilo de Itu, Sebastião Nascimento Travassos, um terço das pessoas infectadas desenvolvem seqüelas.
Os profissionais da saúde de São Bernardo aprovaram a idéia e acreditam que todas as pessoas que trabalham na área da saúde deveriam passar por uma experiência como esta. Para a enfermeira do Programa de Agentes Comunitários, Selma Cristina, a visita superou o seu objetivo e sua expectativa pessoal. “Não esperava encontrar um local tão bem estruturado. Saio daqui muito mais atenta para as queixas dos pacientes em relação à doença, e com o objetivo de enfatizar a prevenção. Só assim poderemos erradicar a hanseníase”.
Já a educadora em saúde pública, Maeir Lima de Oliveira, da ONG Morhan — entidade sem fins lucrativos que luta pelo fim do preconceito e pela reintegração do hanseniano na sociedade — disse que é fundamental o trabalho de divulgação da doença e elogiou a campanha realizada pela Prefeitura. “Os médicos têm dificuldade em diagnosticar a doença, descobrindo-a quando as seqüelas já estão irreversíveis. De acordo com a Organização Panamericana de Saúde, a cada 12 minutos surge um caso novo de hanseníase no país”. A educadora ressaltou ainda a importância de trazer profissionais de várias especialidades, proporcionando um trabalho interdisciplinar.
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