A economia brasileira volta a dar sinais de uma recuperação que, se espera, possa ser o começo da retomada anunciada pelo atual governo desde a sua posse, quando prometeu o "espetáculo do crescimento" - uma expressão bastante desgastada diante das grandes dificuldades que o País enfrenta para que se concretize o seu significado.
Há muito tempo os brasileiros aguardam pelo propalado "crescimento sustentável". Por várias vezes houve um bom início. Mas a fragilidade da nossa economia diante das instabilidades políticas internas e das turbulências externas fez com que acontecesse, seguidamente, o que os economistas chamam de "vôo de galinha" - ou seja, períodos curtos de aquecimento da atividade, entremeados por longas crises.
Agora, os últimos indicadores mostram novamente que há um caminho sendo aberto. Dados da Confederação Nacional da Indústria mostram que o setor registrou um aumento de vendas de 1,33%, mantendo o ritmo da recuperação iniciada no final do segundo semestre do ano passado e indicando que a tendência deve se manter até o fim do ano se não houver novos contratempos.
Diante desse novo alento no cenário econômico, o governo retomou o discurso otimista. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou que os juros já cumpriram o seu papel na retomada da atividade e que a partir de agora é preciso dar atenção à chamada microeconomia. Ou seja, aprofundar as reformas numa agenda mais ampla, mais complexa, para que o País não tenha apenas um ano de crescimento, e sim uma década.
Realmente, ainda há muito a ser feito. A reação da indústria, mostrada pela CNI, continua sendo puxada pelas exportações, enquanto o mercado interno se mantém paralisado por fatores como queda forte do poder aquisitivo dos salários, restrições ao crédito, falta de investimentos públicos e carga tributária muito alta. A taxa de desemprego também se mantém nas alturas, batendo recorde seguidos.
Essa situação, que acentua as desigualdades sociais, é conseqüência de décadas de crescimento pífio da economia. Portanto, a nova reação que se vislumbra na economia deve ser trabalhada pelo governo no sentido de que toda a sociedade possa ser beneficiada.
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